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Domingo - 07 de Março de 2010 às 06:09
Por: Caroline Rodrigues

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Ruas sem asfalto e cheia de buracos são encontradas por todos os lados; no período da chuva é lama; na seca, poeira
Ruas sem asfalto e cheia de buracos são encontradas por todos os lados; no período da chuva é lama; na seca, poeira

A falta de segurança e o atendimento precário na área da saúde são os principais problemas enfrentados pelos 117.513 moradores da região Sul de Cuiabá, seguidos das enchentes, falta de creches, ruas com buracos ou sem asfalto. O número de ocorrências registradas pela Polícia aumentou 75% em 6 anos e a população evita sair de casa para não ser alvo dos marginais. Um dos bairros que apresentou maior crescimento foi o Tijucal. No local, os comerciantes investem em segurança privada para tentar evitar os assaltos.

Conforme dados do Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (IPDU), foram 5.004 notificações na região Sul em 2001 e, no ano de 2007, o número chegou a 8.756. O Distrito Industrial tem o maior índice de violência registrado na Capital, sendo 1.757,69 ocorrências para cada 1 mil habitantes. As informações são do Perfil Socioeconômico de Cuiabá, que foi divulgado semana passada pela Prefeitura da Capital.

A comerciante Silvana Borges, 43, tem um mercado no Tijucal e após um assalto, instalou câmeras de segurança e também construiu uma guarita, na frente do comércio, para inibir a ação dos ladrões. Ela também evita sair à noite para não ser mais uma vítima.

Silva conta que o assunto dos clientes é a chacina que aconteceu no bairro no dia 26 de fevereiro. O crime resultou na morte de 3 adolescentes, que segundo informações da Polícia estavam ligados ao tráfico de drogas.

No Pedra 90, os moradores afirmam que a violência reduziu, mas ainda assusta. A garçonete Cibeli Figueiredo, 24, fala que o principal problema são os pontos de ônibus sem iluminação e que ficam ao lado de terrenos baldios. A situação facilita a ação dos ladrões, que abordam as pessoas quando estão indo ou voltando do trabalho.

Enchente - O bairro Parque Atalaia foi um dos mais prejudicados com a excesso de chuvas dos últimos dias. A aposentada Joana leite Ribeiro, 73, teve a casa invadida pela água e relata que mora no local há 3 anos e já passou pelo transtorno 3 vezes.

Os móveis da casa foram todos danificados e o quarto está com cheiro de mofo. Ela diz que abre as portas para entrar o sol, mas não resolve o problema.

A moradora colocou uma espécie de mureta nas portas de entrada e saída, mas a água entrou na última vez pelo ralo. Então, ela fez a construção também na entrada do banheiro e está esperando a próxima chuva intensa para saber se o obstáculo vai funcionar. "Eu amo a minha casa e já fiz algumas melhorias. Não quero sair daqui e vender o imóvel por um valor baixo, que não será suficiente para comprar outro".

Como ela, outros habitantes da comunidade têm problemas constantes com as chuvas. A auxiliar de serviços gerais, Maria Gomes, fala que parte do bairro foi construída em cima de um brejo e a falta de infraestrutura faz com que a água chegue a formar correnteza.

Educação - No bairro Jardim Industriário, as famílias reclamam da distância da creche e também da falta de vagas na escola. A cozinheira Silvia Tschá, 28, diz que mudou para comunidade há 15 dias e está procurando escola para o filho mais novo de 5 anos. Ela tem também 2 meninas que estão matriculadas perto de casa, mas o menino não conseguiu vaga nas proximidades. A escola disponível está a 4 quilômetros e a moradora não tem condições de pagar ninguém para levar e buscar a criança.

Outro problema é a distância da creche, que fica no residencial Marechal Rondon, localizada mais de 6 quilômetros do local. No começo do ano, um carro de som anunciou que havia vagas, mas como é longe, muitas mães desistiram.

Saúde - No bairro Jardim Industriário, as pessoas também reclamam da falta de profissionais nas unidades de saúde. O acompanhamento do pré-natal e as medicações são prescritas por uma enfermeira.

A dona-de-casa Edvânia Gomes, 35, denuncia que estava com dengue e teve diagnóstico de enxaqueca no posto de saúde. Ela fala que chegou a viajar porque ficou despreocupada, mas no meio do percurso o estado de saúde piorou e precisou buscar atendimento às pressas.

A moradora chegou debilitada em casa e os vizinhos chamaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para levá-la à Policlínica do Coxipó. Ela chegou à noite na unidade e foi informada que o resultado era no dia seguinte. A paciente voltou para casa e quando retornou ficou esperando mais de 4 horas para ser atendida por um médico.

A comerciante Jaqueline Soares está grávida de 9 meses e diz que espera há 3 meses o resultado de um exame de ultra-sonografia. Ela já teve hemorragias leves e sempre que vai ao posto de saúde do Jardim Industriário é atendida pela enfermeira porque o médico está presente só uma vez por semana.

A falta de profissionais também é uma queixa dos usuários da Policlínica do Pedra 90. A dona-de-casa Marineuza Thomé Vieira, 35, estava esperando atendimento para o sobrinho de 3 anos na sexta-feira (5). Ela afirma que chegou por volta das 13h e já era 17. A criança passou pela triagem e mesmo apresentando febre alta e vômito não foi considerada prioridade.

Na policlínica trabalham 2 médicos por turno e a demanda é de 180 atendimentos por dia.

A administração informou que o tempo de espera aumentou porque não havia pediatra na policlínica do Pascoal Ramos e que, na terça-feira (9), outro profissional seria contratado.

Ponto de ônibus - Os pontos de ônibus sem cobertura representam um tormento para a vida do usuário do transporte coletivo no bairro Pedra 90. As pessoas ficam expostas à chuva e sol enquanto esperam o coletivo. A recepcionista Andréia Sena, 38, fala que chegou várias vezes no trabalho molhada por causa do problema.

As telhas foram retiradas pelos vândalos e sobrou apenas a estrutura, que está em situação crítica. O ponto fica na frente da policlínica e muitas pessoas ficam na parada por dia.

Outro lado - A Secretaria Municipal de Saúde informou, por meio da assessoria de imprensa, que desconhece a demora do atendimento de saúde nas policlínicas e vai verificar a situação.

Quanto a enfermeira que está medicando os pacientes, a secretaria afirmou que os profissionais de enfermagem foram capacitados para medicar pacientes com dengue. No caso do pré-natal, não tem conhecimento da ação.

O secretário Municipal de Infraestrutura foi procurado pela reportagem, mas os telefonemas não foram atendidos.





Fonte: A Gazeta

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