Usina trabalha com 81,65% da capacidade do reservatório e especialista afirma que ela evitou catástrofe este ano
Manso não abrirá comportas
A Usina de Manso, que é administrada por Furnas Centrais Elétricas, descarta a possibilidade de abrir as comportas e o professor e coordenador do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Rubem Mauro, diz que a barragem já evitou uma grande catástrofe este ano. Atualmente, 81,65% da capacidade do reservatório está ocupada e para chegar a 100%, é necessário que a água alcance mais 2,36 metros de altura, distribuída em 42 mil hectares. A altura da represa é de 288,44 metros e a última abertura de comporta foi em 2006, quando haviam 287,80 metros de altura no lago.
Na última enchente, que aconteceu no mês passado, o rio Cuiabá chegou a 8 metros de altura e sem a Usina, chegaria a 9,5 metros. O aumento do nível da água, junto com a ocupação irregular dos espaços destinados ao transbordo dos rios e córregos, áreas de várzea, poderiam atingir mais bairros da Capital, ampliando os prejuízos.
O especialista explica que até o final de abril a situação é considerada tranquila, pois o reservatório de Manso ainda está armazenando água e apenas duas, das 4 turbinas, estão funcionando. As que estão em uso, processam apenas 60% da capacidade de produção de energia. Para acontecer a abertura, as chuvas precisariam permanecer constantes.
Nos últimos 2 meses, a quantidade de chuva foi superior a média histórica registrada em Cuiabá em 79 anos. Em janeiro foram 423,6 milímetros de chuva, enquanto a média histórica é 220 mm.
Crescimento urbano - A ocupação do solo é outro ponto que interfere na abertura das comportas. O professor explica que o crescimento de Cuiabá e Várzea Grande alterou o leito do Rio Cuiabá. Grande parte da areia, utilizada na construção da cidade, foi retirada do fundo do rio, o que aumentou a profundidade. A degradação ambiental, o esgoto e também o lixo despejado no rio são outros fatores que mudaram a paisagem em 40 anos.
Caso aconteça a liberação da água da represa, os municípios de Santo Antônio Leverger e Barão de Melgaço serão os mais atingidos, porque os rios na região têm uma menor intervenção do homem.
Um dos exemplos da situação foi a enchente de 1995, que teve maior quantidade de água se comparada a de 1974, porém os efeitos na Capital foram menores.
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