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Internacional
Terça - 02 de Março de 2010 às 08:36

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O líder cubano Fidel Castro citou nesta segunda-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para afirmar que Cuba "jamais torturou alguém, jamais ordenou o assassinato de um adversário", ao se referir à morte do preso político Orlando Zapata, ao final de dois meses e meio de greve de fome.

Em uma nota divulgada pela TV estatal cubana, Fidel lembra a visita do presidente brasileiro a Cuba, na semana passada, e destaca: "Lula sabe, há muitos anos, que em nosso país jamais se torturou alguém, jamais se ordenou o assassinato de um adversário, jamais se mentiu para o povo".

Lula chegou a Cuba na terça-feira passada, horas após a morte de Zapata, onde lamentou "profundamente" a morte, mas se esquivou de qualquer contato com os dissidentes, que esperavam sua intervenção na questão dos presos políticos da Ilha.

"Alguns invejosos de seu prestígio [de Lula] e de sua glória, ou pior ainda, os que estão a serviço do Império [EUA], o criticaram por visitar Cuba. Utilizaram para isto as calúnias que há meio século usam contra Cuba", disse Fidel.

Zapata, um pedreiro de 42 anos, cumpria 32 anos de prisão por desordem e desacato ao regime castrista. O dissidente morreu no hospital de Havana para o qual foi transferido da prisão em consequência das sequelas da greve de fome que iniciou em dezembro para protestar contra as condições carcerárias.

A Anistia Internacional considerava Zapata um dos 55 "prisioneiros de consciência" dos 200 presos políticos de Cuba.

Em El Salvador, um dia após sua visita a Cuba, Lula afirmou que "não podemos julgar um país ou a atividade de um governante em função da atitude de um cidadão que decide fazer uma greve de fome".

O presidente brasileiro também lembrou que ele mesmo recorreu a este tipo de protesto no Brasil quando era dirigente sindical, mas assegurou que "jamais" faria greve de fome de novo.

Fidel fez muitos elogios a Lula em seu artigo, e destacou a importância da cúpula latino-americana e caribenha realizada recentemente em Playa del Cármen, México.

Greve de fome

Dois dissidentes cubanos presos anunciaram nesta segunda-feira (1°) o abandono da greve de fome iniciada na semana passada, após a morte do opositor Orlando Zapata, enquanto pelo menos outros dois presidiários, além do jornalista Guillermo Fariñas, prosseguem com suas greves, segundo fontes da dissidência.

Diosdado González, que cumpre uma condenação de 20 anos na prisão "Kilo 5" da província ocidental de Pinar del Río, anunciou que já deixou o jejum, e Eduardo Díaz Fleitas, preso no mesmo local com uma sentença de 21 anos, anunciou que o fará amanhã, quando a morte de Zapata completa sete dias.

Segundo informou o porta-voz da CCDHRN (Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional) Elizardo Sánchez, Nelson Molinet, também da prisão "Kilo 5", e Fidel Suárez, do "Kilo 8", na mesma região, permanecem sem comer.

Segue em greve de fome e sede em sua casa da cidade central de Santa Clara o psicólogo e jornalista Fariñas, não deu ouvidos aos pedidos de Sánchez, seus familiares e outros opositores para abandonar o jejum.

De acordo com o porta-voz da CCDHRN, é provável que em breve sejam encerradas todas as greves de fome nas prisões. Entretanto, Fariñas, que pede a libertação dos aproximadamente 200 presos políticos de Cuba, deve continuar protestando. De acordo com a agência de notícia France Presse, Fariñas precisou ser hospitalizado nesta segunda-feira, pois "está muito fraco", segundo informou o médico Ismel Iglesias.

Prisões

Ao menos 126 dissidentes, entre eles a blogueira Yoani Sánchez, foram detidos na semana passada em meio a uma "onda repressiva" do governo após a morte do opositor Orlando Zapata Tamayo, disse nesta segunda-feira um grupo de direitos humanos.

"O governo recorreu a esta onda repressiva para neutralizar as expressões de condenação e rejeição ao fato de que deixaram Orlando Zapata morrer", disse por telefone Sánchez, do CCDHRN.

Antes, Sánchez afirmou em um comunicado que os dissidentes foram liberados em menos de 24 anos ou após vários dias, "exceto Isael Poveda que foi internado em uma prisão de alta segurança" em Guantánamo, a cerca de 900 quilômetros de Havana.

com Efe, France Presse e Reuters






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