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Terça - 02 de Março de 2010 às 05:04
Por: Joanice de Deus

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Córregos da Grande Cristo Rei transbordaram e pegaram moradores de surpresa. População reclama de entupimento
Córregos da Grande Cristo Rei transbordaram e pegaram moradores de surpresa. População reclama de entupimento

Pelo menos duas mil pessoas de 13 bairros de Várzea Grande foram afetadas pela intensa chuva que começou na madrugada de segunda-feira e durou cerca de seis horas na Grande Cuiabá. Casas e comércios ficaram alagados, um imóvel desabou e ruas ficaram interditadas.

De acordo com o coordenador de Defesa Civil e comandante da Guarda Municipal, Rodrigo Alonso Lemes, o maior problema foi o transbordamento de córregos da cidade. Segundo ele, não houve feridos. Uma notificação preliminar de desastre seria repassada à Defesa Estadual.

Desde o início da manhã, equipes da Defesa Civil percorriam as comunidades atingidas. A situação foi mais crítica nos bairros Construmat e Alameda e nas regiões do Parque do Lago e Unipark, que engloba bairros como Maringá I, Santa Clara, Lagoa do Jacaré, Ipanema, Joaquim Curvo, Residencial 8 de Março, Jardim das Oliveiras e Vila São João.

Somente nestes dois últimos, aproximadamente 150 famílias tiveram suas residências inundadas. Muitas perderam tudo. Este é o caso do “bicicleteiro” Alacyr Jesus do Nascimento, 39 anos, que teve sua casa, que ficava ao lado do córrego que corta o Jardim das Oliveira, levada pela forte correnteza. “Só ficou a parede do meio”, comentou. O imóvel tinha oito peças.

Nascimento contou que quando começou a chover, ele, a esposa e o filho de 17 anos não dormiram mais. “Não pregamos os olhos, ficamos preocupados e, quando a água subiu, só deu tempo de sair de casa. A chuva levou geladeira, fogão, perdemos tudo”, disse. Ao lado do imóvel, parte da pista, que foi interditada, também deslizou.

A avenida 31 de Março, ao longo do Aeroporto Marechal Rondon, ficou interditada em dois trechos, nos dois sentidos da pista. Um deles próximo à entrada da Lagoa do Jacaré, onde moradores ficaram praticamente ilhados.

“As manilhas do córrego estão entupidas e não suportam o volume de água. Como não tem para onde escoar, a água volta para dentro das casas”, revoltou-se a dona-de-casa Ana Lúcia Pereira, 33 anos.

No Residencial 8 de Março, erguido pelo governo do Estado, o sentimento era de revolta. “É um absurdo um conjunto construído pelo governo não ter a infra-estrutura necessária. Não pode chover que inunda tudo”, lamentou Manoel Vicente, 62 anos.

Já o presidente da Associação de Moradores, Edézio Francisco de Paula, disse que iria recorrer ao Ministério Público (MPE) para que cobre providências dos responsáveis.

A prefeitura de Várzea Grande disponibilizou o ginásio Antonio Sotero, no Parque do Lago, e creches para abrigar as famílias. Porém, muitas não quiseram deixar suas residências ou foram para casas de parentes.

No Vila São João, até mesmo uma senhora que passou mal recusou o atendimento do Serviço Móvel (Samu) e não quis ir para uma unidade de saúde. Já o pintor Sidney de Oliveira tentava limpar a casa. “Às 4 horas da manhã a casa já estava debaixo d’água. Só deu tempo de correr com a mulher e dois filhos, que saíram assustados”, comentou. Na região, os moradores capturaram duas sucuris, ambas com aproximadamente três metros.

A Defesa Civil também colocou à disposição da população água potável e alimentos. Para evitar maiores danos, a orientação é que os moradores de áreas de risco ou próximo a córregos fiquem atentos. Caso as intensas chuvas continuem, as famílias devem procurar um local seguro e, se possível, retirar o quanto antes os pertences ou bens materiais de dentro das residências.






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