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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Segunda - 01 de Março de 2010 às 19:57

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda-feira que está preocupado com o aumento dos juros futuros no país. De acordo com ele, as taxas já subiram entre 3% e 4% nas últimas semanas, sem indicação de que a Selic vá, de fato, ser elevada.

"Não sei se vai subir ou se vai baixar [a Selic]. Há muita especulação do mercado. (...) O mercado é que está excitando a economia e o juro futuro já subiu por causa disso. Isso é o que eu acho inadequado, pois encarece o custo financeiro no país", disse, após encontro com empresários na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

O ministro afirmou que acha que está havendo um "mau entendimento" das declarações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sobre o futuro da taxa básica de juros. "O Banco Central tem dado a sinalização correta, não vejo razão para isso", disse. Ele afirmou ainda que não vê uma "ameaça iminente de alta de juro". "O BC já tomou uma medida, que foi o aumento do compulsório. Isso já reduz um pouco a liquidez no mercado."

Apesar disso, Mantega admitiu que 2010 é um ano diferente do que passou, e que as pressões inflacionárias devem ser maiores. "A inflação em 2010 tende a ser maior, deve ficar mais próxima do centro da meta [de 4,5%]", disse. Ele ressaltou, porém, que a meta de até 6,5% é "exequível".

"Não devemos nos impressionar com a inflação em janeiro e fevereiro, pois ela é causada por efeitos sazonais. Em março o índice já deve voltar aos 0,30%", disse. Em janeiro, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que baliza o sistema de metas de inflação do governo, ficou em 0,75% --o maior avanço desde maio de 2008.

Mantega afirmou que, na reunião com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e outros membros da indústria, discutiu a capacidade do setor de atender ao crescimento na demanda neste ano, que, segundo o ministro, deve ficar em torno de 7,5%.

"Não vejo nenhuma dificuldade de oferta e também não há risco de inflação de demanda na agricultura. Portanto, podemos descartar pressões inflacionárias desse lado", disse. De acordo com a Fiesp, a capacidade instalada da indústria foi ampliada em 10% no ano passado, e deve crescer até 15% em 2010.

Comércio exterior

O ministro comentou ainda os recentes problemas vistos na União Europeia, e afirmou que eles podem prolongar a recessão ou desacelerar a recuperação na região. De acordo com ele, a situação pode retardar a recuperação do comércio exterior no Brasil, já que o país continuaria com baixos níveis de exportação. "Mas isso não afeta o nível de crescimento esperado para o Brasil", disse.

O mercado prevê, de acordo com pesquisa do BC, superavit comercial de US$ 10 bilhões neste ano, bem abaixo dos US$ 25,3 bilhões em 2009. A redução seria resultado de um aumento maior nas importações, enquanto as exportações ainda estariam em ritmo lento de recuperação.

"O Brasil está crescendo mais que o resto do mundo, e isso vai perdurar enquanto houver esse descompasso. A situação deve se normalizar quando houver retomada nos EUA e na UE", disse. "Enquanto isso, queremos melhorar a competitividade da nossa indústria."

Mantega citou os programas de incentivo aos investimentos no país e afirmou que o governo ainda está estudando mais medidas para melhorar a situação dos exportadores. "Já conseguimos estancar a sangria cambial. Não é ainda o ideal, mas já deu uma estabilizada", disse, citando que o real parou de se valorizar nas últimas semanas.






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