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Segunda - 01 de Março de 2010 às 01:10
Por: Silvana Ribas

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Miguel Sutil já possui 18
Miguel Sutil já possui 18 "gargalos" e há risco de se tornar intransitável, principalmente durante mudanças

O acesso ao Estádio José Fragelli, o Verdão, para a Copa de 2014, pode ser inviabilizado caso a Capital não invista pesado em obras de trânsito. O congestionamento, que já toma conta principalmente da Miguel Sutil, uma das principais avenidas de Cuiabá, poderá aumentar e a via se transformar em um corredor inviável. O alerta é feito pelo professor de Engenharia de Tráfego e Logística do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Eldemir Pereira de Oliveira, que afirma faltar um planejamento integrado de mobilidade urbana para os municípios de Cuiabá e Várzea Grande, o que contribui cada vez mais para o caos que se instala no tráfego entre os 2 municípios.

Em relação ao Estádio Verdão, existem pelo menos 3 pontos de conflitos já instalados hoje na Miguel Sutil. Um deles é no trevo de acesso ao bairro Santa Isabel, outro que leva a ponte Mário Andreaza e no Trevo da Ponte Nova. As avenidas Barão de Melgaço e a Agrícola Paes de Barros, principais corredores de acesso ao estádio, também não têm espaço para ampliação e já apresentam grande deficiência hoje para receber o fluxo da frota em horários de pico.

Oliveira é um dos professores-doutores que integra o Núcleo de Logística e Transporte da UFMT, criado em 2009 e que conta com outros 4 doutores. Mesmo não tendo sido consultado para os projetos de mobilidade urbana que devem ser implantados em decorrência da escolha da Capital como uma das cidades-sede da Copa do Mundo de Futebol, o Núcleo quer dar sua contribuição, se consultado.

A preocupação do especialista está na possibilidade da situação se tornar insustentável nos próximos anos, a ponto de haver um colapso em todo sistema de transporte na cidade. Segundo ele, o planejamento passa pela eficiência no sistema de sinalização, que hoje é precário e que interfere cada vez mais na segurança de motoristas e pedestres. Priorizar o transporte coletivo na ação e não somente no discurso também pode mudar o atual quadro.

Segundo ele, na atual conjuntura econômica de incentivo ao crédito, que implica naturalmente na tendência de aumento de frota de veículos, é preciso investir cada vez mais em um transporte coletivo de qualidade, rápido e seguro, que estimule o condutor a deixar o automóvel em casa.

O professor lamenta que Cuiabá nunca teve, ao longo dos últimos anos de crescimento, qualquer investimento de impacto na área de engenharia de trânsito, que fosse planejada dentro de um contesto macro, de mobilidade urbana voltada para a região metropolitana. Segundo ele, só são feitas obras pontuais, que enquanto resolvem problemas em algumas regiões, criam conflitos em outras.

Ele cita a grande obra da avenida das Torres, que "desemboca" em um dos pontos de maior conflito de trânsito hoje. "Todo o fluxo da via acaba na estreita avenida Dante de Oliveira (antiga Trabalhadores), que por sua vez é barrado em um dos 18 gargalos da avenida Miguel Sutil".

Um dos trabalhos orientados e acompanhados pelo Núcleo mostrou que a construção de túneis ou "trincheiras" nestes 18 pontos ao longo da avenida Miguel Sutil, que recebem os veículos de vias de todas as regiões por onde passa, contribuiria para redução dos congestionamentos. Segundo Oliveira, o relevo da cidade permite a realização destas obras a um custo relativamente baixo. Com isso, grande parte dos veículos que hoje precisa entrar na Perimetral para chegar a outro ponto da cidade, criando o conflito, passaria fora dela.

A mobilidade urbana passa também pela reavaliação da hierarquia viária, na classificação das vias. Cita o exemplo da avenida do CPA que, pela classificação atual, permite velocidade de até 60 km por hora, o que para Oliveira deve ser mudado. Segundo ele, hoje, pela deficiência apresentada na sinalização e pelo grande fluxo de veículos e pedestres, o ideal seria baixar a velocidade na via para 40 km/h. Ele aponta ainda o grande número de acidentes com vítimas fatais, principalmente no ponto onde existe fluxo intenso de estudantes e trabalhadores, como próximo ao hospital Amecor.

Mobilidade - A execução das obras do plano de mobilidade urbana do Aglomerado Cuiabá-Várzea Grande vão transformar a vida dos moradores das duas cidades em um caos, admite o diretor de Infraestrutura da Agecopa, Carlos Brito. Segundo ele, até que todas as intervenções sejam concretizadas, a situação vai se tornar ainda pior, principalmente em pontos onde hoje já são críticos.

Mas o legado que elas deixarão para a comunidade são imensuráveis, afirma Brito. Segundo ele, a população tem que se preparar para conviver com o canteiro de obras, que vai interferir em sua rotina nos próximos anos.

Em relação a área do Verdão, Brito assegura que várias intervenções, que vão desde a duplicação de pontes para o acesso a Várzea Grande como a ampliação de mais uma pista da avenida 8 de Abril, fazem parte do programa que vai viabilizar o estádio dentro do projeto aprovado pela Fifa. A escolha do Verdão se deve a uma série de fatores, entre eles a proximidade com aeroportos, rede hoteleira e hospitais, não se restringido somente as vias de acesso ao local, informa o diretor.

O curto prazo para execução do conjunto de obras ainda é o maior adversário. Mas Brito assegura que elas estão dentro de um planejamento macro, que vai permitir a fluidez do tráfego em todas os pontos da região metropolitana. "Colocar os interesses da coletividade, acima dos interesses pessoais de cada indivíduo que poderá se sentir prejudicado com as obras, será um dos maiores desafios para as mudanças que virão".

Abusos - Dos 5 mil autos de infração emitidos todos os meses por agentes de trânsito de Cuiabá, 70% se concentram nos 3 principais corredores, que incluem a avenida Miguel Sutil, Fernando Corrêa da Costa e CPA. Segundo Dativo Rodrigues da Silva Sobrinho, diretor de Trânsito da Secretaria Municipal de Transito e Transporte de Cuiabá (SMTU), a preocupação com os novos conflitos que irão surgir no trânsito durante as obras implicará no aumento de campanhas educativas de trânsito. Um dos alvos são as crianças, que vão receber cartilhas e orientações sobre segurança e respeito no trânsito. O objetivo é fazer com que elas assimilem os conceitos e, principalmente, atuem diretamente na conscientização dos pais condutores ou pedestres.

A Capital conta hoje com cerca de 50 agentes de trânsito diariamente nas ruas. Outros 30 devem ingressar através de concurso público e outros 40 agentes de fiscalização de transportes passaram por curso específico para atuarem de forma emergencial. A violência no trânsito, admite Dativo, passa muito pela falta de respeito de motoristas em relação a sinalização, limites de velocidade e respeito ao pedestre. Entre os condutores, os motociclistas lideram em relação ao número de infrações.





Fonte: A Gazeta

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