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Internacional
Domingo - 28 de Fevereiro de 2010 às 05:15

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O Chile calculava neste domingo os estragos provocados por um dos maiores terremotos da história, que deixou mais de 300 mortos e dois milhões de desabrigados, além de vários alarmes para tsunamis no Japão, do outro lado do oceano Pacífico.

Fortes réplicas do sismo de magnitude 8,8 que atingiu o centro e o sul do país sul-americano no sábado deixaram milhões de chilenos atentos durante toda a noite.

Centenas de pessoas dormiram em colchões e cadeiras de plástico nas ruas do centro de Santiago com medo de outro terremoto, como o que demoliu edifícios e hospitais, quebrou pontes e virou automóveis como se fossem de brinquedo.

Os danos foram mais graves em Concepción, a segunda maior cidade do país a 500 quilômetros de Santiago, onde o terremoto derrubou casas e pontes, e apenas chamas dos incêndios iluminavam a madrugada deste domingo.

Algumas pessoas percorriam Concepción empurrando seus pertences em carrinhos de supermercado. Outras acampavam no centro da cidade, onde os únicos carros que circulavam eram os da polícia.

"Me disseram que meus móveis foram perdidos, minha televisão, minha geladeira. Não me importo. O bom é que minha família está bem. O material pode ser resgatado", disse Francisco Luna, de 42 anos, em uma rua de Concepción.

Os tsunamis provocados pelo terremoto no Chile atravessaram o Pacífico e obrigaram a retirada da população em regiões costeiras do Japão.

No Chile, as autoridades disseram que na próxima semana será possível ter uma ideia clara da magnitude dos estragos provocados pelo terremoto.

DANOS ENORMES

Mas está claro que o custo seria alto para o Chile, uma das economias que mais crescem na América Latina.

"Há uma enorme quantidade de danos que não sabemos exatamente sua exata dimensão, que está sendo avaliada", disse a presidente Michelle Bachelet, que a menos de duas semanas de deixar o poder enfrenta a maior prova de seu mandato.

A mineração, uma das principais fontes de receita do país, sobreviveu ao terremoto e, segundo o governo, não terá problemas para cumprir com seus compromissos de exportação, embora algumas minas estavam fechadas por falta de energia elétrica.

A maior mina de cobre do mundo, chamada Escondida, da BHP Billiton, funcionava normalmente, segundo o líder sindical Zeiso Mercado.

A estatal Codelco, maior produtora de cobre do planeta, suspendeu os trabalhos nas minhas de El Teniente e Andina por falta de eletricidade, mas os depósitos não sofreram danos graves e devem retomar a produção em alguns dias.

O abalo sísmico também afetou as refinarias Aconcagua e Bío-Bío, da petrolífera estatal ENAP.

As filas de veículos aumentaram nos postos de combustível abertos em Santiago, apesar de a ENAP ter descartado problemas de abastecimento.

Em Talcahuano, um dos principais portos do país, perto de Concepción, o tsunami destruiu vários barcos e os deixou no cais.

E em Santiago, o aeroporto internacional permanecia fechado devido aos estragos provocados na torre de controle, e as comunicações telefônicas ainda eram precárias nesta madrugada.

CUSTO HUMANO

Mas o custo humano do terremoto, o quinto mais forte desde 1900, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, foi muito menor do que o sismo que devastou o Haiti em janeiro.

Especialistas disseram que o Chile, localizado em uma das zonas mais sísmicas do planeta, estava melhor preparado.

Ainda assim, dezenas de pessoas continuavam desaparecidas em Juan Fernández, uma ilha a 600 quilômetros da costa chilena, onde um povoado foi arrasado pelas ondas que invadiram até 300 metros.

Em Concepción, os bombeiros utilizavam cachorros para buscar sobreviventes presos sob os escombros dos edifícios, segundo a televisão.

O terremoto com epicentro perto de Maule, 321 quilômetros a sudoeste de Santiago, derrubou ao menos três hospitais na capital e causou pânico no balneário de Viña del Mar, onde milhares de chilenos desfrutavam do último fim de semana das férias de verão.

O presidente norte-americano, Barack Obama, disse que os Estados Unidos estavam prontos para ajudar o Chile. Brasil, Argentina, Bolívia, Peru e Venezuela também ofereceram apoio.

Bachelet declarou zonas de catástrofe as regiões de Maule, Bío-Bío, O""Higgins, Araucanía, Valparaíso e Metropolitana, que concentram 80 por cento da população do país.

O Chile, localizado na intersecção de duas placas geológicas, foi arrasado no passado por outros terremotos. Muitos lembram o tremor de magnitude 9,6 que devastou a cidade de Valdivia em 1960, o maior já registrado.

(Reportagem adicional de Antonio de la Jara, Rodrigo Martínez, Ricardo Figueroa, Alvaro Tapia, Alejandro Lifschitz, Mónica Vargas, Javier Leira, Javier López e Alonso Soto em Santiago)





Fonte: Reuters

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