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Internacional
Terça - 23 de Fevereiro de 2010 às 17:50

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) "deve reabrir" a discussão em torno da jurisdição sobre as Ilhas Malvinas, em disputa entre a Argentina e o Reino Unido.

Em discurso durante a Cúpula da América Latina e Caribe, em Cancún, Lula questionou tanto a postura do Reino Unido como a da ONU no episódio.

"Qual é a explicação geográfica, política e econômica de a Inglaterra estar nas Malvinas? Qual a explicação política de as Nações Unidas já não terem tomado uma decisão dizendo: não é possível que a Argentina não seja dona das Malvinas e seja um país [Reino Unido] a 14 mil quilômetros de distância?", questionou o presidente.

Lula sugeriu que a resposta para esse questionamento pode estar no fato de o Reino Unido ser um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. "Será que é o fato de a Inglaterra participar como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e para eles pode tudo e para os outros, não pode nada?", disse.

Coragem

O presidente pediu aos 32 chefes de Estado e representantes de governo que participam da cúpula que "instiguem" a ONU a "reabrir a discussão" sobre a disputa territorial entre a Argentina e o Reino Unido. Lula aproveitou o debate em torno das Malvinas para sugerir a reforma do Conselho de Segurança da ONU, uma de suas principais reivindicações no cenário internacional.

"Não é possível que a ONU continue com o Conselho de Segurança representado pelos interesses geopolíticos da Segunda Guerra e não leve em conta todas as mudanças que ocorreram no mundo", disse.

Ainda de acordo com o presidente, se os países da região "não tiverem coragem" de enfrentar esse debate, a ONU "vai continuar a funcionar sem representatividade e os conflitos no Oriente Médio vão ficar por conta dos interesses eminentemente norte-americanos". "Na verdade era a ONU que deveria assumir a responsabilidade de estar negociando a paz no Oriente Médio, as discussões com o Irã. Por que a ONU se afasta, e os países individualmente tratam desses assuntos?", questionou.

Segundo Lula, a ONU "perdeu representatividade" e muitos dos países que ficam no Conselho de Segurança "preferem a ONU frágil". "Assim eles podem desobedecer às decisões da ONU e fazer de seu comportamento, enquanto nação, a grande personalidade de governança mundial", acrescentou Lula.

Histórico

As Malvinas, chamadas pelos britânicos de Falklands, são um arquipélago de dezenas de ilhas ao sul do Oceano Atlântico. O território pertence ao Reino Unido, mas ele fica geograficamente próximo do litoral da Argentina, que reivindica a soberania sobre a região desde o século 19.

A Argentina invadiu o arquipélago em abril de 1982, iniciando uma guerra com o Reino Unido. A vitória britânica, em junho do mesmo ano, não impediu Buenos Aires de continuar aspirando ao controle sobre as ilhas. Os argentinos acreditam que herdaram o território dos colonizadores espanhóis, que disputaram a soberania sobre o arquipélago no século 18 com os britânicos.

Reino Unido e Espanha chegaram a estabelecer colônias simultâneas nas ilhas, mas os britânicos abandonaram o assentamento, abrindo caminho para a presença de colonos argentinos --que, depois, foram expulsos pelos britânicos. O principal argumento britânico para manter a soberania sobre as Malvinas é que, hoje, a população da ilha é britânica e prefere manter os laços coloniais.






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