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Economia
Domingo - 21 de Fevereiro de 2010 às 07:21
Por: Steffanie Schmidt

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Loja inaugurada este mês em Cuiabá oferece peças confeccionadas a partir do algodão cru; empresária Cláudia Fagotti diz
Loja inaugurada este mês em Cuiabá oferece peças confeccionadas a partir do algodão cru; empresária Cláudia Fagotti diz

O fio de algodão cru, produzido artesanalmente em Rondonópolis, tece uma cadeia que, aos poucos, vem sendo construída em Mato Grosso: a do vestuário. Da cooperativa de artesãs que trabalham os novelos formados pelos fios do algodão, às fábricas de jeans e ateliês de alta-costura, o segmento vem se fortalecendo e mudando a realidade do Estado. Empresários que vêm investindo no setor ampliam, aos poucos, a geração de empregos do segmento que hoje ultrapassa os 14 mil postos de trabalho diretos e 42 mil indiretos.

Atualmente, Mato Grosso conta cerca de 60 indústrias ligadas ao setor têxtil, mas não possui nenhuma tecelagem. A intenção do governo do Estado é atrair, por meio de incentivos fiscais, a indústria para a unidade da federação que é campeã na cotonicultura com uma produção de 1,559 milhão de toneladas previstas para a safra 2009/2010, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Para a presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Mato Grosso (Sinvest), Cláudia Fagotti, o Estado tem todos os pré-requisitos para se consolidar como um dos polos da indústria têxtil do país. "Para a indústria, a lógica é se instalar próximo à matéria-prima ou próximo ao consumidor final. Aqui nós temos a matéria-prima em produção abundante e já temos também a formação de mercado consumidor expressivo".

E foi apostando nesse mercado consumidor que ela e a estilista Patrícia Carvalho, inauguraram no início deste mês, uma loja especializada em moda, feita a partir do algodão cru. O investimento de quase R$ 300 mil trabalha diferentes fases do algodão: da pluma aos novelos e fios cada vez mais finos em espessura. Mas o tecido utilizado por Patrícia ainda tem que ser buscado fora de Mato Grosso. "Temos um fornecedor em São Paulo. Inclusive, ele já tem planos de instalar aqui".

O trabalho, segundo ela, é de formiguinha, mas já começa a apresentar resultados. "Ao agregar valor à matéria-prima estamos fazendo apenas uma parte, mas isso fortalece a cadeia do algodão e mostra ao mercado que vale a pena investir aqui". A afirmação de Patrícia leva em conta, a qualidade da fibra do algodão produzido em Mato Grosso, que é considerada uma das melhores do país. "Por conta do solo, o algodão daqui tem as fibras mais longas e naturais; melhor para se trabalhar".

Um fio puxa o outro - Para abastecer as criações de Patrícia Carvalho, 12 artesãs de Rondonópolis fazem o processo de cardar (pentear as fibras), tecer, fiar e tingir o algodão. Organizadas em cooperativa, as mulheres da Fibra Nativa trabalham em 14 teares. "É um resgate da arte de tear, que está se perdendo no tempo", afirma a presidente da cooperativa, Cristina Vieira da Silva Freitas. Dona de casa, quando começou o trabalho, há 7 anos, ela não imaginava que hoje seria inspiração para a garantia de renda de muitas mulheres da cidade.

"O trabalho de cooperativa demora a dar resultado, mas é compensador. Hoje, queremos organizar novas oficinas para qualificar mais gente". Participando de feiras e incentivada pelos programas do Sebrae, elas não dão conta de atender a demanda de cachecóis, tapetes, almofadas e mantas encomendadas por outros Estados. O fio do algodão está sendo trabalhado para ficar cada vez mais fino, o que confere maior valor ao produto final. São modelados cerca de 200 kg de algodão por mês, a maioria, de doação do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA) e da Fundação MT.





Fonte: A Gazeta

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