Integração entre linhas 1 e 2 do metrô do Rio está ameaçada
A conexão direta entre as linhas 1 e 2 do metrô do Rio de Janeiro, também chamada de Linha 1A, que prometia ligar Pavuna a Botafogo sem baldeação no Estácio, pode ser bloqueada logo após o seu início. O Ministério Público Estadual (MPE) entrou com ação na Justiça pedindo a suspensão imediata da circulação de trens entre as estações São Cristóvão e Central, enquanto as obras dessa ligação não estiverem concluídas. A Promotoria constatou risco de acidentes por falha na sinalização e declive inadequado.
O MP quer que a conexão só comece a funcionar quando as estações Cidade Nova e Uruguai estiverem prontas. Esta última tem previsão de ser concluída em 2014. Mais: a concessionária só poderá retomar a Linha 1A quando os 114 novos carros, previstos para 2011, estiverem em circulação. Por enquanto, o promotor Carlos Andresano Moreira, da 3ª Promotoria de Justiça e Defesa do Consumidor, pede que a ligação entre as linhas volte a ser feita com baldeação no Estácio.
Se a Justiça decidir a favor do MP, a Metrô Rio pode ter que desembolsar pelo menos R$ 10 milhões, que iriam para um fundo de custeio de indenizações por danos morais e materiais a usuários que forem lesados. "A ação é baseada em estudos técnicos e perícias realizadas pelo MP, que confirmam risco para passageiros, principalmente no trecho de ligação entre as linhas 1 e 2. O intervalo é de apenas dois minutos e uma simples falha na sinalização pode causar uma tragédia", alerta o promotor.
De acordo com estudo realizado pelo doutor em Engenharia de Transportes Fernando Mac Dowell, anexado à ação, o trecho em que as duas linhas se encontram "é uma operação de risco maior de acidente, em relação à operação original, sem cruzamento". Segundo ele, declives de até 4% agravam o perigo. "Desafio mostrar no mundo algo que opere como pretende a concessionária", diz o especialista.
Segundo o promotor, falha na sinalização pode fazer com que trens vindos da Pavuna e da Tijuca colidam no trecho entre São Cristóvão e Cidade Nova, onde os trilhos se unem. "Pode colocar em risco a vida dos passageiros. Nossos estudos apontam que os trens não estão adaptados para os declives construídos. Constatei pessoalmente que naquele trecho a sinalização é feita de forma arcaica e os sinais eletrônicos estavam cobertos por plásticos", conta Andresano Moreira.
Procurada pela reportagem, a Metrô Rio informou que não vai se pronunciar sobre o assunto até que seja notificada. A concessionária explicou, ainda, que a conexão direta Pavuna-Botafogo vai continuar funcionando das 5h às 21h, até o final de março. E, apenas nos horários de pouco movimento (após as 21h), feriados e finais de semana, é que haverá baldeação na estação Estácio.
Inaugurada, ligação nunca funcionou plenamente
Desde que foi inaugurada, dia 21 de dezembro, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Sérgio Cabral, a conexão direta entre as linhas 1 e 2 nunca operou plenamente. A baldeação no Estácio continuou sendo obrigatória aos sábados, domingos e feriados. Em dias úteis, a Linha 1A funcionava só das 8h às 17h e depois das 19h.
Depois do início tumultuado, com superlotação e desinformação, mês passado a conexão foi estendida para o horário de 5h às 21h, de segunda a sexta. A concessionária afirma ter investido em melhorias e reduzido o intervalo entres as composições em um minuto e 20 segundos.
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