Rio: PMs são suspeitos de sequestro
Quatro policiais do 16º BPM (Olaria) estão sendo acusados de sequestrar dois jovens e matar um deles, na noite de quarta-feira. A denúncia foi feita na quinta-feira pelo sobrevivente. Ele contou que estava com o primo, Marcílio de Souza Silva, 24 anos, de moto, próximo à Vila Cruzeiro, na Penha, quando policiais militares os abordaram. Moradores da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, os rapazes teriam sido levados na viatura até um posto desativado da polícia, em Lucas. O corregedor da PM, coronel Ronaldo Menezes, determinou a abertura de investigação.
Após ter dinheiro, celulares e documentos roubados pelos policiais, Marcílio e o primo teriam recebido ordem de entrar na favela. Ao verem os dois rapazes, traficantes locais abriram fogo. Apavorados, os jovens teriam voltado correndo e sido cercados de novo pelos PMs. Marcílio acabou capturado, enquanto o primo conseguiu escapar. Ele contou que pulou um muro da SuperVia e ficou escondido no mato por três horas.
O rapaz teria caminhado pelos trilhos até Duque de Caxias, Baixada Fluminense, onde pediu ajuda a um vigilante e foi resgatado pelo tio. O corpo de Marcílio foi encontrado ontem de manhã, na Rua Guarupá em frente ao número 271, na Penha, com as mãos amarradas e vários tiros. Quando registrava o desaparecimento na 22ª DP (Penha), a família recebeu notícia do encontro do corpo e fez o reconhecimento. A moto em que os jovens estavam continua desaparecida.
"Isso é um absurdo. Meu filho era trabalhador e meu sobrinho também é. A gente não sabe mais em quem confiar. Muitas famílias também sofrem com esse tipo de ação da polícia. Quero Justiça!", disse o pai do rapaz morto, que não quis se identificar. O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios (DH), onde o sobrevivente depôs nessa quinta-feira.
A mulher de Marcílio, com quem ele que tinha um filho de dois anos, contou que o jovem trabalhava como caixa em uma farmácia, no Recreio dos Bandeirantes, e estava de licença médica para tratar diabete. O primo da vítima contou que os PMs os confundiram com traficantes e os levaram até Lucas porque a facção que controla a comunidade é rival da que atua em parte da Cidade de Deus.
Por determinação da Corregedoria da PM, o 16º BPM encaminhou à Polícia Civil nomes de policiais que estavam de plantão no dia do crime.
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