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Saúde
Sexta - 19 de Fevereiro de 2010 às 07:03
Por: Renê Dióz

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A última semana representou um avanço de 21% dos casos de dengue em Mato Grosso, cerca de 2,7 mil ocorrências a mais. São quase 340 novos pacientes da doença a cada dia, segundo boletim divulgado ontem pela Saúde Estadual (SES). Neste ritmo, a perspectiva da doença é alarmante, visto que os atuais 15.632 casos foram registrados somente até o 49º dia do ano (em 2009, o total foi de 60 mil casos). Embalado pelo aumento estadual, a Capital também teve salto em seus números e registrou sua primeira confirmação de óbito em decorrência da dengue.

A primeira morte confirmada em Cuiabá é de uma criança de sete anos, moradora do Jardim Vitória. Outros dois óbitos foram notificados na Capital, sendo que um foi descartado e outro, referente a uma mulher de 47 anos moradora do bairro Pedra 90, está ainda em investigação laboratorial. O Pedra 90 continua como o bairro que mais reúne casos de dengue em Cuiabá, segundo a Saúde municipal.

No Estado, o total de mortes confirmadas até o momento é de oito casos, três a mais que na semana passada. Além de Cuiabá, os óbitos estão entre Várzea Grande (uma confirmação), Diamantino (uma), Primavera do Leste (duas), Rondonópolis (duas) e Sinop (uma). Outros nove casos ainda devem ser investigados em laboratório.

O ritmo acelerado nos casos de dengue no Estado e em Cuiabá se mantém devido à constância das chuvas (fenômeno que perdura desde o ano passado) e devido à falta de cuidado que parte da população ainda tem. Pelas ruas de Cuiabá, cenários de descuido sobram.

Exemplo disso é o bairro Tijucal, historicamente um dos mais vulneráveis da cidade e que já registra este ano pelo menos um caso de febre hemorrágica da dengue (forma mais grave da doença). Moradores da rua 308 do Tijucal têm atualmente duas situações graves de descuido para se preocupar: uma casa da rua, com piscina, está abandonada há cerca de 18 anos; um vizinho mantém na frente de casa, há incríveis três ou quatro anos, duas carcaças de carros que até hoje ele não resolveu restaurar. Tanto a casa abandonada quanto os carros ao relento permanecem acumulando água da rua e lixo, “terreno” mais que propício para o desenvolvimento de criadouros do mosquito da dengue.

“Pode falar que sou briguenta, que sou ruim, mas eu não vou deixar meus filhos morrerem”, esbraveja a moradora Maria Inês de Aquino, 51 anos. Ela já chamou os órgãos públicos responsáveis para lidarem com a casa abandonada e forçarem o dono dos carros a retirá-los da rua, temerosa de que alguém de sua família acabe contraindo dengue por puro descuido dos vizinhos. Ela conta que já ficou com fama de mal encarada na rua por estar sempre reclamando do problema duplo.

Apesar de duas situações, a moradora compra briga com uma única pessoa. O vizinho Adalberto Assis, 56 anos, é mecânico e responsável tanto pelos carros que abandonou na rua quanto pela casa abandonada – os proprietários o teriam contratado para limpá-la periodicamente, mas os vizinhos acusam que ele não o faz. Somente sobre os carros, Adalberto reconhece a responsabilidade. “Vou ter que tirar”. No escapamento de um deles, até plantas já crescem com o acúmulo de água.

ALAGAMENTOS - O ritmo de aumento dos casos de dengue se mantém devido à constância das chuvas no Estado, mas as populações dos sete municípios alagados pelo excesso de volume de água só devem começar a sentir os ataques mais intensos da doença após o término das chuvas.

A previsão é do responsável técnico do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs), Aparecido Alberto Marques. Ele aponta que, enquanto as águas estiverem caindo e circulando, os criadouros não conseguem se desenvolver. Após as chuvas, o técnico recomenda as famílias de locais alagados que inspecionem até com maior cuidado as casas para drenar as poças d’água que tenham se formado.






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