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Quinta - 18 de Fevereiro de 2010 às 05:59
Por: Fernando Duarte

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Marcus Vaillant
Desde 82, rio não transborda como neste ano; população ribeirinha está com as casas alagadas em Barra do Bugres
Desde 82, rio não transborda como neste ano; população ribeirinha está com as casas alagadas em Barra do Bugres

Cem por cento das casas ribeirinhas estão alagadas e 600 índios "ilhados" em Barra do Bugres (160 km ao norte de Cuiabá). Esta é a pior cheia desde 1982. O rio Paraguai, na região, subiu 7 metros e destruiu 4 pontes. Ele está a 1,5 metro da cota de alerta no local, que é 8,5 metros. A Defesa Civil analisa o decreto de situação de emergência solicitado pela Prefeitura municipal.

Com exceção de algumas roupas e colchões, o ribeirinho Luiz Galdino da Silva, 57, perdeu tudo que o que tinha na residência. "Perdi 2 guarda-roupas, televisão de 20 polegadas, DVD, as portas das casas".

Ainda havia objetos dele boiando na casa. Mais a margem do rio, a casa de madeira do vizinho estava com água até as janelas. A água começou a subir de sábado para domingo tomando todo o barranco e cobrindo os bancos de areia.

Os 5 filhos de Galdino moram em kitinetes no fundo da casa dele e também tiveram grande parte dos móveis perdidos com a cheia. Eles ainda não estimam quanto perderam em bens.

A também ribeirinha Marilene Afonso dos Santos, 38, viu quase todos os objetos da casa perdidos. "Tirei comida da boca para comprar essas coisas".

Ela saiu de colete salva-vidas em um barco com os 3 filhos do pesqueiro onde o marido trabalha, inclusive um bebê de colo.

Enquanto a situação é de tristeza para os moradores, crianças e adolescentes se divertem na rua marginal alagada. Para eles, a elevação das águas é novidade. Mas essa alegria pode causar doenças, já que não há saneamento básico e muitas fossas foram afetadas.

Derci Menegatti, 64, morador há 20 anos de Barra aponta para as casas vazias. "Todos foram embora. A água subiu muito rápido que cobriu uma ponte que tinha ali".

Atualmente ela está com mais 4 famílias alojadas na Escola Estadual José Ourives, que não tem data para ter as aulas iniciadas. As salas de aula se transformaram em quartos, em que berços, camas, fogões e o que mais pode ser salvo dividem o mesmo espaço.

A diretora Estanila Marques da Costa disse que a escola era o local mais próximo do alagamento, a algumas quadras. Muitas famílias estão desde sábado (13) no local e não querem sair de perto da casa. "Se não fosse a escola eu estava debaixo de um barraco junto com os cachorros", lembrou Marilene, que depois de sair do pesqueiro passou a noite com os filhos em um barraco ainda na margem do rio.

Não somente o rio Paraguai, mas o Bugres transbordou. Áreas geralmente secas, em que animais pastavam e automóveis trafegavam, estão totalmente tomadas pela água. Mesmo assim, muitos moradores se recusam a deixar as moradias. Uma mulher de mais de 60 anos, com a água até a janela, no auge na cheia, agarrava na porta para não deixar a residência.





Fonte: A Gazeta

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