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Terça - 23 de Julho de 2013 às 13:13
Por: DÉBORA SIQUEIRA

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A missão de pacificar índios panará, conhecido como “índios gigantes”, para a construção da BR-163, ligando Mato Grosso ao Pará, no início da década de 70, é contada em forma de romance no livro “Sinais de Chegadas”, do mato-grossense Odenir Pinto de Oliveira, sertanista e indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai), aposentado em 2007. O livro de 352 páginas é editado pela Carlini & Caniato Editorial.


 
Ver de perto o genocídio dos índios, que no livro ele denomina de parenty, marcou não só a vida dele, mas de todos que participara da frente de atração, composta por 23 pessoas. Sete deles funcionários da Funai e os outros, indígenas de diversas etnias.


 
Em nome do progresso, essa etnia perdeu seu direito de habitar a região e tinha que ser removida o quanto antes. A estrada cortava uma aldeia deles no meio. A ideia era de que a frente de atração levasse esses índios a uma aldeia antiga deles, a cerca de 300 km das obras da rodovia. 


 
Durante três anos, a equipe comandada pelos sertanistas Odenir de Oliveira tentou contato com os "índios gigantes", que se mostravam arredios e demoraram a aceitar as quinquilharias deixadas como presentes pelos membros da frente de atração. Ao mesmo tempo, a frente de trabalho da BR-163 se aproximou muito da aldeia. 


 
Com a “pacificação” do povo panará, a frente de atração se transformou num local turístico, atraindo jornalistas do mundo todo, personalidades e autoridades que queriam ver de perto os índios. 


 
Reportagens corriam o Brasil e o mundo, trazendo fama e prestígio para o pretenso Estado “salvador”. Há relatos de crianças indígenas levadas para morar no exterior por órgãos missionários, sem o consentimento daqueles que ficaram. 

 
 
“O contato com tantas pessoas trouxe doenças. Índio não tem gripe, ele cai com pneumonia e morre. Dos 700 índios panará, restaram apenas 78. Esse grupo foi levado para o Parque do Xingu”, disse Odenir.


 
Tirar um índio da sua região, da sua terra é o mesmo que fadá-los a morte. Quando essa etnia chegou ao Parque Indígena, teve um novo baque. 


 
“Eles passaram a conviver com os txucarramães, um subgrupo dos caiapós, povo inimigo dos panará, e se tornaram escravos dos caiapós”, contou o sertanista.


 
Cerca de quatro etnias viviam na área antes da criação do Parque Indígena do Xingu. Após o decreto, 17 etnias passaram a dividir o mesmo espaço. 


 
Romance e história


 
Quando retornou dessa experiência da frente de atração, Odenir Pinto de Oliveira pensou em escrever um livro contando essa história. 


 
Contudo, muitos documentos históricos da época se perderam, alguns desapareceram. Então, ele resolveu fazer um romance, baseado nessa experiência. 


 
“Queria escrever a história real, mas boa parte da documentação desapareceu. Também não tenho formação para manusear esses documentos; por isso, resolvi fazer um romance com ficção, baseado no que vivi”, completou. 



O autor


 
Odenir é filho e neto de indigenistas. Os pais deles trabalharam na equipe do Marechal Cândido Rondon. 


 
Ele nasceu em uma aldeia bakairi, em Paranatinga (373 km ao Norte de Cuiabá) e até os 12 anos conviveu com os povos indígenas bakairi e xavante, no Norte e Nordeste de Mato Grosso.





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