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Quinta - 18 de Fevereiro de 2010 às 02:49
Por: Fernando Duarte

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O limite no "estoque" de trabalhadores fez com que a usina Libra, em São José do Rio Claro (315 km ao norte de Cuiabá), dispensasse sem rescisão ou indenização 17 maranhenses que estão há 13 dias em Mato Grosso. Eles estão sem trabalho e não têm como pagar o empréstimo que fizeram no Estado de origem a juros de 10% ao mês. O endividamento e a falta de opção faz com que eles sejam alvo dos aliciadores que promovem trabalho escravo.

Segundo o superintendente Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), Valdiney Arruda, não é a primeira vez que a usina faz isso. "A gente bate muito nas usinas por causa disso. Eles fazem estoques de pessoas e depois dispensam sem nada".

Após algumas ligações e empréstimos com agiotas, os 17 cortadores saíram de Dom Pedro (MA) e fretaram um ônibus a R$ 200 cada. Vagner do Nascimento Silva, 22, ficou com R$ 450, deixando R$ 150 para a esposa. Com os R$ 200 da passagem ficou com R$ 100 e a esperança de emprego.

Após 5 dias e o ônibus quebrar 2 vezes, chegaram em Diamantino (70 km da Libra), onde o sindicato iria regularizar a documentação. Foram até a usina, permaneceram 2 dias nos alojamentos e, depois, foram dispensados. "O Carlos (contratante) disse que uns maranhenses tinham deixado o corte e ido embora, por isso não quiseram ficar com a gente", disse Clerinaldo de Araújo Silva, 34. Depois da dispensa, retornaram para Diamantino sem emprego. O presidente do sindicato local disse que eles deveriam ficar de "3 em 3" na estrada para conseguir carona para ir embora, o que não fizeram.

Juntaram a última quantia que havia restado (R$ 265), com fome e sede, embarcaram na carroceria de uma F-4000 até Barra do Bugres. Lá, dormiram na rodoviária e foram procurar ajuda no Sindicato dos Trabalhadores Rurais local. "Os contratantes arranjam desculpas para dispensar os trabalhadores. Isso é normal. Eles falam que os marcadores (quem soma a quantidade de cana cortada) são agredidos", disse o presidente do sindicato, Valdinei Ferreira, que não negou auxílio.

Como Mato Grosso se tornou a "terra de oportunidades" para pessoas de fora, a SRTE junto com o Sistema Nacional de Emprego (Sine) irá promover treinamentos e uma qualificação a eles. Além disso, será feita uma ação fiscal junto a Libra, sendo exigido o pagamento dos diretos trabalhistas desde o dia 29 de janeiro (primeiro contato), o ressarcimento (transporte) e o rompimento do contrato. Com as provas levantadas também haverá uma queixa crime contra a empresa.

Na tarde de ontem, a usina Itamarati (Nova Olímpia) aceitou fazer uma entrevista de emprego com todos os trabalhadores.





Fonte: A Gazeta

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