Apesar de previsões otimistas, revista diz que gastos públicos em alta elevam juros e limitam crescimento.
Para "Economist", espírito de carnaval contamina economia brasileira
As altas excessivas dos gastos do governo brasileiro impedem o corte dos juros e limitam o crescimento brasileiro, segundo afirma reportagem publicada na edição desta semana da revista The Economist.
Sob o título “Juntando-se ao espírito de carnaval”, a revista diz que os excessos comuns no carnaval parecem estar nos pensamentos dos economistas brasileiros, com previsões de crescimento entre 5% e 6% da economia neste ano e sinais de superaquecimento identificados pelo Banco Central.
A reportagem comenta que a alta inflação de janeiro, de 0,75%, que levou a taxa anual a 4,5%, surpreendeu e levou a indicações de que a taxa básica de juros deve ser elevada em março ou abril, pela primeira vez desde setembro de 2008.
A revista relata que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu um controle dos gastos objetivando um superávit primário de 3,3% do PIB neste ano, com o intuito de conter o superaquecimento e ao mesmo tempo evitar grandes altas dos juros.
A reportagem comenta, porém, que o aumento dos gastos públicos tem se concentrado principalmente na contratação de funcionários públicos e em programas sociais, tornando seu corte mais difícil do que se tivesse sido orientado para investimentos em infra-estrutura.
Além disso, como observa a revista, este é um ano de eleições, “quando o governo federal normalmente gasta mais”.
Receitas mais altas
A Economist registra que os gastos do governo federal brasileiro vêm aumentando a uma média de 8% em termos reais desde 2003 e que o Orçamento deste ano prevê um aumento de 15%, “colocando em perspectiva as promessas de prudência do Ministério da Fazenda”.
Segundo a revista, esses aumentos têm sido possíveis porque as receitas também estão subindo muito, por causa do crescimento econômico e do combate à economia informal.
“Mas enquanto o dinheiro extra continuar a servir para contratar servidores públicos em vez de fazer coisas que permitirão à economia crescer mais sem superaquecer, as taxas de juros permanecerão altas”, diz o texto.
Para a revista, a questão apresenta um dilema “familiar para muitos brasileiros”, entre cortar gastos e criar espaço para o corte de juros ou continuar gastando e vê-los permanecerem altos, limitando a taxa de crescimento sustentável do Brasil em torno de 5%.
O texto observa que um crescimento nesse nível não é ruim em comparação com o passado recente do país, mas não tão bom quanto poderia ser, e sugere que o governo pensa mais no momento atual do que no futuro.
“O carnaval, afinal de contas, é todo sobre aproveitar o presente e esquecer o amanhã”, conclui o artigo.
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