Cerca de 20 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas depois de 12h de chuva ininterrupta, que atingiu 19 bairros e parte do centro
Chuva deixa vinte mil desabrigadosem em Cáceres
Vinte mil pessoas, entre desabrigados e desalojados, foram atingidas pelas chuvas que caíram durante 12h, ontem em Cáceres. De acordo com a Comissão Municipal de Defesa Civil, choveu cerca de 60 milímetros, o dobro do previsto para todo o mês de fevereiro, no município. A chuva começou às 23h de quarta-feira (10) e só diminuiu às 11h da manhã de ontem. Conforme o Corpo de Bombeiros, 19 bairros e parte da área central da cidade ficaram inundados. O rio Paraguai subiu 38 centímetros em menos de 24h. Na tarde de quarta-feira estava com 3,94 metros. Ontem, ao meio dia, o nível da água estava a 4,32 metros.
A prefeitura disponibilizou 3 escolas para servirem de abrigo. Uma delas, a Izabel Campos, também ficou alagada, comprometendo o socorro das vítimas. A ação das águas também foi devastadora na zona rural. A informação é de que, dezenas de pontes caíram deixando várias comunidades isoladas Em alguns bairros como o Vila Mariana, os bombeiros socorreram os moradores usando barcos. O mesmo meio de transporte também foi usado próximo a estação rodoviária, no centro da cidade. Centenas de pessoas de vários bairros perderam tudo: móveis, roupas e eletrodomésticos.
Em uma parte do bairro da Cavalhada a água chegou a 1,60 metro. Vários córregos que cortam a cidade, como o Sangradouro e Lavapés transbordaram. Os comerciantes tiveram que baixar as portas para salvar as mercadorias. Conforme o major Ramão Barbosa, comandante do Corpo de Bombeiros, em alguns casos, ouve dificuldade no socorro porque, apesar de estarem em áreas alagadas, muitas pessoas se recusaram a sair. "Apesar do perigo, muitos não quiseram sair. Outros preferiram as casas de parentes e amigos, ao invés dos abrigos improvisados", disse.
Além da precipitação de cerca de 12 horas, a inundação pode ser atribuída à vários fatores. Entre eles, a falta de limpeza dos canais que cortam a cidade e deságuam no rio Paraguai, bem como a deficiência de vazão da obra recém construída para recuperação da baia do Malheiros. Há muitos dias, moradores e segmentos da comunidade local vinham cobrando a desobstrução dos córregos. Atendendo a uma sugestão da administração municipal, o promotor André Almeida, autorizou a destruição parcial da obra, que na opinião do prefeito Túlio Fontes e um grupo de vereadores, teria agravado a situação.
Mais de 120 homens trabalharam no socorro às vítimas. Somente o Corpo de Bombeiros designou 30 homens; o Exército 20; a Cruz Vermelha, 30, além da Sema, Secretaria de Ação Social e vários voluntários
Essa foi à segunda inundação da cidade, no período de 3 anos. Em janeiro de 2007, uma chuva de 18 horas ininterruptas, causou transtorno deixando o município em estado de emergência. O saldo foi 18 bairros inundados, 2 mil desalojados e 300 famílias desabrigadas. Três casas desabaram. O estrago foi sentido durante mais de um ano. Apesar de receberem vacinas e produtos para desinfetar casas, várias pessoas afetadas contraíram vários tipos de doenças.
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