Pelo menos 20 produtos e serviços consumidos nessa época tiveram valores majorados entre fevereiro de 2009 e janeiro deste ano, diz FGV
Produtos registram alta acima de 27% no carnaval
O preço dos produtos e serviços tipicamente oferecidos durante o carnaval está até 27,33% mais alto este ano, na comparação com o ano anterior. De acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a alta acumulada entre fevereiro de 2009 e janeiro deste ano, no preço dos 20 principais itens utilizados nesta época, ficou em média 4,97% acima da variação do IPC ( Índice de Preços ao Consumidor), que ficou em 4,42%. O álcool combustível (27,33%) foi o item que mais aumentou, seguido das bebidas destiladas (13,65%). O chopp e a cerveja consumidos em bares (9,57%) ocuparam a terceira posição. As passagens aéreas, porém, apresentaram queda de preços no período analisado (-31,89%), assim como as sandálias femininas (-1,65%). O preço da gasolina sofreu reajuste de 2,6%, bem próximo ao valor cobrado nas hospedagens em hotéis, que evoluiu 3,65%. A tarifa de ônibus interurbano também ficou mais cara, alta de 2,8% para excursões e de 1,34% para tour. A comida em restaurante também teve o valor acrescido, em média 6,83%, enquanto que em lanchonetes e bares o reajuste foi de 6,37%. Protetores, desodorantes e antiácidos também não ficaram fora do estudo, e os itens tiveram alta de 3,60%, 2,45% e 4,34%, respectivamente.
Já uma outra pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que a representatividade dos tributos na composição dos preços cobrados pelos produtos usados pelos foliões brasileiros pode chegar a 50%. Itens básicos como a água mineral tem incidência tributária de 43,91%. Para quem vai viajar, os encargos nos pacotes de viagens, incluindo hospedagem e translado, chegam a 36,28%.
A cerveja é a primeira da lista de encargos tributários com 54,8%. Na seqüência está o colar havaiano com 45,96% e o refrigerante em lata com 45,8%. Quem quiser sair fantasiado vai pagar na roupa com arame 33,91% em impostos e na de tecido 36,41%. A incidência tributária ao confete e serpentina é de 43,83%, a corneta 34% e a máscara de plástico tem 43,93% de tributos.
Os instrumentos musicais também apresentam elevada taxa de tributação. No caso do violão, 38,77% do valor cobrado vão para os cofres públicos. A tributação no preço da viola chega a 39,65%, no cavaquinho 38,33%, cuíca 38,30%, tamborim 39,20% pandeiro 37,83% e reco-reco, 37,64%. Para o diretor do IBPT em Mato Grosso, Darius Canavarros, a incidência dos tributos no preço dos produtos é historicamente elevada. Ele acrescenta que os consumidores, na maioria das vezes desconhecem o quanto pagam de alíquota para o governo.
De acordo com Canavarros, sem esse conhecimento a população esquece de cobrar o que tem direito. "Independente do tipo de produto o governo arrecada no consumo das pessoas. Por isso, é importante saber o que está sendo cobrado para reivindicar melhorias em setores básicos como educação e saúde". Ele também acrescenta que as vendas não devem ser influenciadas pela alta tributação. "O consumo deve se manter elevado".
O presidente nacional do IBPT, João Eloi Olenike, explica que"o governo federal, para atacar os reflexos da crise mundial, procurou direcionar a sua política de desoneração para itens que teriam maior repercussão na economia brasileira, deixando de fora os produtos considerados supérfluos, como os consumidos no carnaval".
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