Embaixador vê semelhança entre programas nucleares de Brasil e Irã
O embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, comparou nesta segunda-feira os programas nucleares iraniano e brasileiro, ressaltando semelhanças entre os dois.
As declarações foram feitas um dia depois de o governo iraniano ter anunciado que ampliará seu programa nuclear e que passará a produzir urânio enriquecido em 20%, gerando críticas de inúmeras nações.
"Países como Brasil e Irã não querem usar energia nuclear para produzir armas. A energia nuclear no Irã, como no Brasil, é para a área de medicina, agricultura", disse o embaixador em uma coletiva em Brasília, de acordo com a Agência Brasil.
O diplomata também afirmou que as autoridades brasileiras "têm conhecimento" da posição do governo iraniano em relação ao programa nuclear e criticou as potências internacionais, que desconfiam que o projeto de enriquecimento de urânio do Irã tenha o objetivo de produzir armas atômicas.
"Acreditamos que as autoridades brasileiras têm conhecimento da situação e posição iraniana. O Brasil, ao contrário de outros países que tiveram fortes reações (ao anúncio de ampliação do programa nuclear), não é um país que pensa em colonizar outro país", disse.
Tensão
Nesta segunda-feira, os governos dos Estados Unidos e da França afirmaram que novas sanções contra o Irã são o "único caminho" para impedir que o país continue o desenvolvimento de seu programa nuclear.
Autoridades iranianas e representantes dos Estados Unidos e da União Europeia não conseguiram chegar a um acordo sobre o programa.
De acordo com propostas que vêm sendo discutidas desde outubro, 70% do urânio iraniano seriam enviados ao exterior com baixo índice de enriquecimento (3,5%).
O material iria para Rússia ou França, para ser então enriquecido a 20% e transformado em combustível para reatores.
A base para o acordo seria o entendimento fechado entre o Irã, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o chamado grupo P5+1 --formado pelos cinco países do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França) mais a Alemanha.
Críticas
Shaterzadeh criticou os países que estão negociando com o Irã, afirmando que eles têm posições contraditórias.
"Os que tiveram grande reação têm fortes armamentos nucleares. Se eles falassem a verdade, primeiro eles destruiriam o armamento nuclear deles e depois dariam conselhos", disse o diplomata, ainda segundo a Agência Brasil.
Atualmente o Irã enriquece urânio em um nível de 3,5%, mas são necessários 20% para o funcionamento do reator nuclear de Teerã, desenhado para produzir isótopos para fins medicinais.
Para construir uma bomba atômica, é necessário ter urânio enriquecido em ao menos 90%.
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