Avalone processa Antero; briga azeda relação no PSDB
Irritado com as provocações, boicotes e acusações do ex-senador Antero Paes de Barros, o empreiteiro, suplente de deputado e ex-secretário estadual de Indústria, Comércio e Mineração do governo Dante de Oliveira, Carlos Avalone, reagiu com processo na Justiça. Ele ingressou com queixa-crime contra o colega. Tratam-se de dois líderes do PSDB do prefeito da Capital e pré-candidato a governador Wilson Santos. A briga que até então estava no campo político ganhou tamanha proporção que foi parar nos tribunais e azeda a já tensa relação entre membros da cúpula tucana. Wilson ainda tentou, sem êxito, demover Avalone da ideia de propor a ação. Temia que essa briga entre Avalone e Antero viesse a público, principalmente nesta fase de articulações políticas que marcam início da pré-campanha eleitoral.
A queixa-crime 366/2010 foi protocolada no Juizado Especial Criminal Unificado da Capital no último dia 27, às 12h46. Curiosamente, duas horas depois, Antero, Wilson e a deputada federal Thelma de Oliveira, presidente estadual do PSDB, abriam uma reunião no Hotel Pálace com presenças de líderes nacionais, como o presidente da legenda, senador Sérgio Guerra (PE), e a também senadora Marisa Serrano (MS).
Avalone se mostra inconformado com os ataques que tem sofrido de Antero, que começou uma campanha dentro do PSDB para desgastar ainda mais a imagem do ex-secretário. Ele propagou que se Avalone vier a ser candidato a deputado poderia manchar a chapa tucana, pois seu nome remeteria a "coisas ruins" do governo Dante, motivando questionamentos como, por exemplo, sua evolução patrimonial e a vinculação com a Operação Pacenas (Sanecap, escritório ao contrário), que resultou em 11 prisões, entre as quais do próprio Avalone, sócio da Três Irmãos, do Consórcio Cuiabano, que inclui também Gemini, Concremax, Encomind e Lúmen Engenharia.
O juiz Mário Roberto Kono já mandou notificar Antero, que deve apresentar defesa em 10 dias. Avalone pede que a Justiça proíba o ex-senador de continuar denegrindo a sua imagem. Seu temor é de Antero usar o programa de TV que mantém diariamente na TV Cuiabá (Rede TV!) para fazer "comentários maldosos" acerca de sua possível candidatura. Avalone tenta superar o desgaste, na esperança de conquistar cadeira na Assembleia. Ele se vê mais aliviado depois do arquivamento pela própria Justiça do inquérito, que culminou em prisões, bloqueio de recursos, de bens e no embargo das obras do PAC em Cuiabá. Avalone e outros 10 ficaram presos por uma semana, sob acusação de envolvimento em fraudes nas licitações.
Ele foi tesoureiro da campanha vitoriosa à reeleição de Dante em 98, secretário de Estado na mesma época em que Antero conduzia a Casa Civil e foi suplente da chapa do próprio Dante ao Senado em 2002. Quatro anos depois, tentou candidatura de deputado estadual. Os 13.857 votos garantiram-no a primeira-suplência pela PSDB, que elegeu dois: Guilherme Maluf e Chica Nunes, que pulou para o DEM. Avalone assumiu o posto por mais de um ano, com licenciamento de Maluf, que neste período ficou como secretário de Saúde de Cuiabá.
Embora o prefeito tente atuar como bombeiro para apagar incêndio, ele apoia a investida de Antero, tudo para excluir Avalone. Nem mesmo das reuniões da Executiva o ex-secretário se vê impedido de participar. Num dos encontros a portas fechadas, Antero chegou a dizer que, se Avalone for candidato, ele (Antero) sairia até do PSDB. Acha que a candidatura do colega de legenda serviria de "munição" para os adversários atacarem o tucanato, mesmo se tratando de um processo que foi arquivado. A operação Pacenas se transformou num escândalo nacional. Foi explorado como o primeiro caso de fraudes envolvendo o tão propagado PAC do governo Lula. Cinco meses depois, Avalone, por ser o único dos envolvidos no esquema, com pretensões políticas, é o que mais sente nos ombros o "peso da Pacenas". Os demais saíram de cena.
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