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Segunda - 08 de Fevereiro de 2010 às 08:47
Por: Jean Campos

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Produtor rural, economista e técnico em agropecuária, o deputado federal Homero Pereira (PR), da bancada ruralista, irá dividir o tempo, nos próximos meses, entre a atuação parlamentar e viagens ao interior com a finalidade de trabalhar candidatura à reeleição. O parlamentar não pretende tirar licença da Câmara Federal sob o argumento de que é membro de três comissões na Casa.

Em entrevista ao Diário, o republicano comenta sobre as conjecturas políticas que se formam em Mato Grosso para a Eleição 2010. Segundo Homero, não ficou mágoa no PR após a saída do empresário Mauro Mendes, que, agora, no PSB, tenta emplacar sua candidatura ao governo do Estado.

Em sua avaliação, “Mauro Mendes é uma liderança emergente” que não pode ser desconsiderada. O parlamentar acredita na candidatura do socialista, mas cultiva a ideia de estarem no mesmo palanque no segundo turno, que, segundo ele, acontecerá. Acompanhando o governador Blairo Maggi (PR), Homero defende o peemedebista Silval Barbosa ao Palácio Paiaguás.

O deputado republicano também foi ponderado sobre a saída do senador Jayme Campos (DEM) do arco de aliança. Ele disse respeitar o posicionamento do democrata que denomina de “grande amigo”, mas avalia que será difícil estarem no mesmo palanque eleitoral. Embora não tenha participado de nenhuma reunião com membros do PT e PMDB para discutir composição nas proporcionais, Homero se mostra favorável ao chamado ‘chapão’. Não só a sua reeleição, mas todo o grupo seria favorecido com a aliança, conforme disse Homero. Além disso, ele cita que o único partido com condições de lançar uma chapa pura com candidatos a deputado estadual e federal é o PP.

 

Diário de Cuiabá - O senhor é representante da bancada ruralista. O Programa Nacional dos Direitos Humanos tem sido observado, por este setor, com algumas restrições, como o senhor avalia?

Homero Pereira - Acho que o presidente Lula foi infeliz, induzido ao erro por alguns ministros no apagar da luz, já no final do ano passado. Todo mundo estava pautado pela Conferência de Copenhague. Aliás, ele assinou lá em Copenhague esse decreto e não viu alguns detalhes que causou um desconforto em algumas classes. Por exemplo, nos militares, na própria Igreja, nos proprietários de uma forma geral, não só os da área rural, mas também os urbanos. Ele fere o direito de propriedade, tira o direito daqueles que se sentem agredidos a buscar na Justiça a reintegração de posse quando alguém invade sua casa ou a sua propriedade rural. Eu acho que o programa vai ser revisto e, certamente, não vai prosperar. Também acho que qualquer ato de qualquer agente político deve procurar pacificar a sociedade. Esse decreto acabou não pacificando, ao contrário, causou mais insegurança jurídica.

 

Diário - A CPI Mista do MST está a passos lentos no Congresso Nacional. O senhor, que é um dos defensores das investigações sobre os repasses do governo para entidades ligadas aos trabalhadores sem-terra, acredita que ela pode deslanchar em ano eleitoral?

Homero - Espero que sim! Espero que a gente consiga correr de forma paralela. Tomara que o processo político, neste ano, não interfira nas atividades no Congresso, mas é natural que vai haver interferência principalmente a partir do segundo semestre. Eu faço parte da CPI porque o meu partido me indicou. Acho que tudo aquilo que gera desvio de dinheiro público merece ser investigado. O papel da CPI é fazer o trabalho de investigação, de inquirição, mas quem tem que aprofundar sobre essa matéria é o próprio Ministério Público. Certamente os relatórios serão encaminhados ao Ministério Público, que vai ter um papel fundamental para ajudar apurar essas investigações.

 

Diário - O senhor acredita que em ano eleitoral alguns projetos considerados prioritários como os que tratam até mesmo de mudanças na legislação eleitoral serão votados este ano?

Homero - Não! A mudança eleitoral deste ano já foi votada no ano passado. Até já começamos o cronograma do processo eleitoral, o calendário já está vigente e procuramos mudar aquilo que foi possível. O processo eleitoral deste ano, principalmente a questão do uso da internet, procura dar a maior transparência possível de tal forma que se possa evitar a judiciarização das eleições. Das últimas eleições, inclusive, têm muitos processos que correm na Justiça, muitos prefeitos foram cassados retornaram para o cargo. Então, eu acho que essa instabilidade prejudica o município. Procuramos, nas mudanças que fizemos, embora não tenham sido mudanças profundas, dar a melhor interpretação possível, deixar mais explícita essa questão de como será o processo eleitoral neste ano.

 

Diário - É possível conciliar a atuação parlamentar com as atividades de campanha?

Homero - Eu acho que é possível, tudo é um ato político. Eu, por exemplo, sou uma pessoa muito presente no interior. Então na questão da campanha eleitoral vai ser um processo natural, você vai continuar visitando o município, levando as suas propostas, defendendo as suas teses, naquilo em que você acredita, ouvindo as pessoas. Quem norteia a minha atuação em Brasília são os meus eleitores.

 

Diário - O senhor pretende se licenciar este ano?

Homero - Não tenho essa pretensão, não. Até porque me licenciei já no ano passado por conta de problemas de saúde. Eu estou com muitas atividades também em Brasília, vou ter que me desdobrar para dar conta da campanha e das minhas atividades. Tenho uma atuação muito próxima, estou participando como titular da comissão que está revisando o código florestal brasileiro, sou titular da comissão de agricultura, da comissão de meio ambiente, e faço parte de outras comissões.

 

Diário - Candidato à reeleição, o senhor acredita em quantas candidaturas ao governo do Estado na Eleição 2010? Ou pelo menos a disputa estará polarizada em quais nomes?

Homero - Eu acho que deve ter três candidaturas. O que está despontando é a candidatura ou do prefeito Wilson Santos ou do senador Jayme Campos - que eles têm um pacto de estarem juntos aí na campanha -, tem o empresário Mauro Mendes que saiu do nosso partido e foi para o PSB tentando construir a sua candidatura, e a candidatura do vice-governador Silval Barbosa. Então, possivelmente não vai ter uma bipolarização. Serão três candidatos, onde cada um vai tentar defender as teses daquilo em que acredita. Certamente, o vitorioso será aquele que tiver maior capacidade de convencer o eleitor.

 

Diário - O senhor se arrisca a dar um palpite sobre quem vence a eleição para o governo?

Homero - Eu estou defendendo a candidatura do vice-governador Silval Barbosa, porque já sou do grupo do governador Blairo Maggi. O processo é o seguinte: as pessoas que querem esse modelo que foi implantado pelo governador e acreditam nesse governo certamente vão optar pelo Silval, porque ele é integrante desse processo. Silval será a continuidade do governo Maggi e ele terá condições de corrigir os erros que, porventura, foram cometidos por Blairo. Silval terá condições de aperfeiçoar, inclusive, algumas questões que foram frágeis no governo do Blairo. Eu acredito nessa proposta, nosso partido vai estar nessa coligação.

 

 

Diário - E o Mauro Mendes?

Homero - O Mauro Mendes é uma liderança emergente e não podemos desconhecer isso. Ele é companheiro nosso, meu amigo, tenho um carinho grande por ele, que é um jovem vencedor na sua atividade privada. Agora, em política muitas vezes nem sempre você está do mesmo lado. Tem movimentações políticas que acabam, muitas vezes, colocando em campos opostos. Nós não somos adversários. Eu acho que, certamente, o Silval e o Mauro Mendes estarão juntos no segundo turno. Essa será uma eleição para ser decidida em dois turnos, então nós não damos ao Mauro Mendes um tratamento de adversário. Momentaneamente, ele fez uma opção para ir para outro partido. É legítimo e democrático tentar buscar o seu espaço. Certamente, nós estaremos juntos se for o Silval Barbosa para o segundo turno, que é a nossa expectativa.

 

Diário – Mas existe alguma mágoa no PR em relação à saída do empresário do partido?

Homero – Não! Não há mágoa nenhuma. Talvez tenha ficado um sentimento de perda, porque ele é uma grande liderança. Mas a política é assim mesmo. Eu acho que é um processo e cada um busca o partido que oferece as melhores possibilidades e perspectivas. Mauro quis construir um caminho próprio no PSB, o que é legitimo, democrático, e nós respeitamos.

 

Diário – Por falar em saída do arco de aliança, o senhor já pertenceu ao mesmo grupo político que o democrata Jayme Campos que, agora, está na oposição. Como está hoje sua relação política com o senador?

Homero – Ótima! Tenho uma grande amizade pelo senador Jayme Campos mesmo nunca tendo me filiado ao PFL, hoje DEM. Tenho uma amizade enorme por ele, pelo nosso saudoso senador Jonas Pinheiro, que era o meu guru e continua sendo a pessoa em que me inspiro na atuação política. O saudoso Jonas Pinheiro era um democrata, então eu tenho pelo senador Jayme Campos um carinho certo. Ele está buscando seu espaço, que é legitimo. Foi governador, prefeito, é senador e tem toda a legitimidade para pleitear esse cargo. Mas, certamente, a atual configuração mostra que nós não estaremos juntos na política. Vejo com naturalidade a influência do cenário nacional, em que o Democratas alinhou o projeto com o PSDB, que é o nosso tradicional adversário aqui em Mato Grosso. Não tem problema nenhum. Vai cada um tentar buscar o seu espaço. Agora, o fato de sermos adversários políticos não quer dizer que somos inimigos de ninguém.

 

 

Diário – O PR tem dado, na sua opinião, a condução certa para o processo eleitoral?

Homero - Acho que o PR teve um grande gesto de parceria e até de humildade. O PR deixou possibilidades de todos os partidos da base aliada construírem as suas candidaturas, lançarem os seus nomes. Foi um amadurecimento do partido. Na contrapartida, nós estamos pedindo para que os partidos da base aliada apoiem o nome do governador Blairo Maggi para um das duas vagas ao Senado.

 

Diário – E a segunda vaga?

Homero - Quem está tentando construir essa candidatura é o PT, através da figura do deputado Carlos Abicalil e da própria Senadora Serys. O PT, certamente, vai se entender e discutir esse assunto. Então, as vagas ao Senado deverão ser polarizadas dentro do nosso arco de aliança entre o governador Blairo Maggi e uma candidatura do PT que deverá ser Abicalil ou Serys.

 

Diário – Como andam as discussões entre o chamado ‘Chapão’, onde PR, PMDB e PT estariam juntos nas proporcionais?

Homero - Eu não participei de reunião! Mas candidatura na proporcional tem que fazer conta. Na minha opinião, o Partido Progressista é o único partido com densidade eleitoral e número de candidatos suficiente para lançar chapa própria. O partido filiou nomes de expressão regional e já tem dois deputados federais. Os outros partidos, fatalmente, vão ter que se coligar porque ninguém tem condições de sair numa chapa sozinho. Certamente, vai todo mundo fazer suas contas. Se for o ‘chapão’, é ótimo! Eu acho que o ‘chapão’ tem condições de eleger o maior número de deputados federais, fazendo a maior bancada dentro do nosso arco de aliança.

 

Diário - Isso favoreceria sua candidatura à reeleição?

Homero - Acho que favorece a todos. No momento em que estiver todo mundo junto, aquele que tiver mais votos será o que irá se eleger. Tem a possibilidade também de fazer rodízio. Todos juntos, acho que tem uma possibilidade maior.

 

Diário - Apesar de pertencer a um partido da base do presidente Lula, o senhor tem uma série de divergências relacionadas à política do governo para os movimentos sociais e, especialmente, aos trabalhadores sem-terra e às questões ambientais. O que tem motivado suas queixas?

Homero - Eu tenho uma história! Sou um líder classista que toda a vida defendeu o produtor rural. Quando fui para a base do governo, o meu partido já sabia que não voto contra produtor rural, produtor de alimento. Então o governo, liderado pelo presidente Lula, é um governo de coalizão. E tem na sua base aliada várias tendências, inclusive partidos mais de esquerda, que têm como bandeira de luta o MST e algumas questões históricas. Eu tenho independência no partido para votar de acordo com minha convicção.

 

Diário - O zoneamento da cana foi visto como um ato que prejudicará o setor em Mato Grosso. Como o senhor está conduzindo este assunto em Brasília?

Homero - Apesar de ter ficado bastante espaço em Mato Grosso para o plantio da cana, principalmente em toda região do Vale do Araguaia, eu achei um injustiça cometida na região da Bacia do Alto Paraguai. Ele afeta municípios como Denise, que tinha um projeto em andamento, Tangará da Serra, Barra do Bugres e Arenápolis, toda essa região que acabou ficando fora. Nós ainda não nos demos por vencido, vamos tentar mostrar que aqui existe uma situação consolidada que não fará desmatamento para o plantio da cana. Vamos ver se conseguimos reverter essa situação para que essas regiões possam ampliar a produção e tornem o etanol um produto mais competitivo.

 

Diário - O senhor é vice-presidente da Comissão Especial que vai dar parecer sobre o projeto de lei que prevê mudanças no Código Florestal. Em quanto tempo o relatório deve ser concluído?

Homero - A nossa expectativa é de que no máximo em abril possamos estar colocando esta pauta na Câmara dos Deputados. Inclusive, estamos realizando audiências públicas nos estados. Estamos concluindo as audiências nos estados mais representativos dos vários biomas para que a gente possa se debruçar sobre o relatório e levá-lo ao Plenário. Os trabalhos estão avançados!






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