Estudante que ingressou em Medicina Veterinária acaba forçado a alta ingestão alcoólica e simulação vexatória
Trote violento contra aprovado no Enem vira caso de polícia
Um episódio de trote violento marcou o início das atividades do curso de Medicina Veterinária do campus da Unic da avenida Beira-Rio, em Cuiabá. Anteontem de manhã, um estudante foi submetido a uma série de constrangimentos no qual foi obrigado a participar de atividades como a ingestão de bebida alcoólica que, por pouco, não lhe provocou coma alcoólico. O teste de alcoolemia apontava para 0,79mg por litro de sangue no estudante, que estava grogue. Para se ter idéia da embriaguez, um motorista é preso em flagrante dirigindo com o teor de 0,3mg.
“Esse rapaz estava com esse teor às 22 horas. Imagina-se, então o quanto não tinha ingerido ao final da tarde, quando terminou o trote. Detalhe, o estudante não toma bebida alcoólica”, lembrou um policial de plantão na Delegacia do Complexo do Verdão, onde familiares registraram queixa.
Segundo eles, o estudante foi jogado ao chão e obrigado a ficar só de cueca. Em seguida, teve que chupar um preservativo que protegia um pedaço de árvore, simulando sexo oral e aumentando o constrangimento. O que chamou a atenção dos familiares é que o estudante foi o único a ser submetido ao trote violento.
“Depois que foi obrigado a se deitar no chão, ficar praticamente pelado, rasparam o cabelo e ainda jogaram farinha (de trigo) na cabeça dele e o trote continuou do lado de fora”, relatou um parente que registrou a queixa no início da noite.
Do lado de fora, o estudante teve que participar do pedágio, realizado no cruzamento das ruas próximas à Universidade. Nesse ínterim, era obrigado a ingerir bebida alcoólica, mesmo contra sua vontade.
O estudante chegou em casa no início da noite e quem percebeu que ele estava alterado foi uma tia. Ela esperou os pais do jovem retornarem do serviço para tomar as providências. Do bairro onde moram, procuraram a Delegacia do Verdão.
O delegado plantonista Cláudio Victor Freesz informou que os responsáveis pelo trote podem ser indiciados por lesão corporal e constrangimento ilegal. “Esse rapaz chegou aqui (na delegacia) completamente fora de si, pois ele não está acostumado a ingerir bebida alcoólica”, explicou.
A delegada Cláudia Maria Lisita deverá designar um delegado e uma equipe de policiais, a partir desta segunda-feira, para iniciar as investigações. A primeira etapa será identificar os responsáveis pelo trote.
A assessoria de comunicação da Unic informou que existe uma norma interna que proíbe trotes dentro e fora da instituição. A assessoria lembrou que o aluno que se sentir prejudicado pode procurar o âmbito administrativo da Universidade e, também externo. Para apurar os fatos será instaurado um procedimento e os responsáveis poderão ser suspensos ou expulsos da instituição. O único trote permitido é o cultural, em que os calouros participam de várias atividades, entre elas a doação de sangue.
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