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Economia
Segunda - 08 de Fevereiro de 2010 às 01:56
Por: Vivian Lessa

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Condições precárias das rodovias refletem na rentabilidade
Condições precárias das rodovias refletem na rentabilidade

Os gastos com óleo diesel representam cerca de 60% do custo total para o transporte de cargas em Mato Grosso, o que vai refletir no aumento do frete este ano. O estado tem o quarto preço mais elevado do país neste combustível, atingindo R$ 2,22 o litro, de acordo com o levantamento mais recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O produto é o mais consumido no território estadual, com 66,2% de representatividade, totalizando 1,743 bilhão de litros, nos primeiros 11 meses de 2009.

De acordo com planilha da Associação dos Transportadores de Carga de Mato Grosso (ATC-MT), o consumo de óleo diesel representa R$ 0,90 a cada R$ 2,32 gastos por quilometro rodado no transporte de cargas feito no Estado, considerando o uso de um bitrem graneleiro com 45% vazio e 55% carregado. Entre os itens que compõem a tabela, os gastos com manutenção (R$ 0,31), com motoristas (R$ 0,29) e com impostos (R$ 0,24), representam cerca de 36% do custo total estimado pela ATC. Além disso, se contar com a depreciação do veículo, que adiciona R$ 0,15 ao custo, o valor do transporte chega a R$ 2,47 por km rodado em Mato Grosso.

Apesar do diesel impactar diretamente nos custos do frete, o setor de transportes garante que o alto valor do combustível não é o responsável pelo reajuste no preço do serviço, previsto para este ano. A majoração deve ficar entre 15% a 20%, após 4 anos de defasagem. O diretor da associação, Miguel Antônio Mendes, diz que a composição do frete está defasado e que precisa de um incremento. Conforme ele o preço é ditado pelas trandings, "que cobram um preço maior do produtor e repassam um valor diferente para as transportadoras".

Ele diz ser um ciclo que não tem como ser mudado. "O produtor não tem volume suficiente para negociar diretamente com o transportador. É preciso passar pelas trandings". A defasagem no preço do frete, segundo Mendes, está trazendo prejuízos. Ele conta, por exemplo, que um caminhoneiro que vai de Rondonópolis buscar carga em Sorriso e levar até o Porto de Santos, percorrendo 4,540 mil km, deve gastar cerca de R$ 10,5 mil. Conforme Mendes, a remuneração dele será de R$ 7,770 mil, considerando a capacidade do veículo (37 t) e o preço de R$ 210 (t) pago pelo transporte da carga."O déficit para o transportador fica em R$ 2,762 mil".

O diretor da ATC acrescenta que a saída é retornar a viagem trazendo insumos para a agricultura, cujo lucro poderia chegar a R$ 3,7 mil, levando em conta o preço de R$ 60 a R$ 100 por tonelada de adubo transportada. Mas ele destaca que essa espécie de compensação só acontece em período de safra. "Nos demais períodos ficamos com o prejuízos".

O diretor de logística de uma transportadora mato-grossense, Maurício Galvão, explica que a alta no preço do frete pode oferecer um certo alívio ao setor. Segundo ele, o preço do transporte em Mato Grosso se manteve inerente aos reajustes de mercado, "que há anos sofreu com a desvalorização do serviço, aliado a alta no preço do combustível, na depreciação das estradas e na falta de investimento em seus veículos". Sem esse reajuste, que pode chegar a 20%, Galvão conta que o setor estará fadado à falência. "Não conheço o transportador que não precisou vender seus patrimônios para continuar na atividade. A situação está difícil".

Há mais de 20 anos na atividade, o caminhoneiro que transporta gado na Grande Cuiabá, Paulo Botelho, diz que desistiu de enfrentar o interior do Estado, porque os gastos não compensam o custo do serviço. "A condição das estradas e o baixo preço do frete, prejudica a renda do caminhoneiro". Botelho diz que não é difícil perceber a decadência do setor. "É só verificar as condições dos veículos, acabados pela falta de manutenção. Para ele, o governo deveria dar mais atenção ao setor. "Outros segmentos conseguem subsídios para comercializar a produção além de outros auxílios, mas o setor de transporte nem mesmo tem uma linha de crédito mais facilitada para consertar o caminhão".

O novo fôlego ao segmento, de acordo com o diretor executivo do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Mato Grosso (Sindimat), Gilvando Alves, será o reconhecimento da categoria determinado pela Lei 11.442/2007. Segundo ele, com a regulamentação da atividade, que deve se solidificar este ano, haverá a eliminação da concorrência desleal. "Acreditamos ser um ano de recuperação do atividade de transporte de cargas em Mato Grosso", diz ele acrescentando que 60% de tudo o que é consumido no passa pelo transporte sobre rodas.

Tributação - Representantes da indústria e do setor de transporte querem a redução da alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços(ICMS) sobre o óleo diesel, de 17% para 12%. Segundo o diretor da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, um estudo está sendo viabilizado para mostrar o quanto o imposto interfere no preço do frete. Mas o secretário do Estado de Fazenda, Eder Moraes, afirma que não vai ceder aos apelos da categoria.





Fonte: A Gazeta

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