Vaticano nega que o papa queira interferir na política britânica
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse neste sábado que não existe nenhuma intenção de ingerência da parte do papa Bento 16 na política britânica, mas uma "manifestação de suas posições a serviço do bem comum".
Na segunda-feira, o papa recebeu em audiência religiosos ingleses e galeses e fez uma referência implícita à Equality Bill, lei que está sob análise do parlamento do Reino Unido e que dá direitos de igualdade a homossexuais.
Bento 16 criticou o fato de que instituições católicas de adoção estarão submetidas, caso a legislação seja promulgada, a conceder a guarda de crianças a casais formados por pessoas do mesmo sexo.
Segundo o Papa, as regras sobre igualdade contrariam a lei natural e não permitem que a comunidade religiosa aja "segundo sua fé".
Apesar do chefe de Estado do Vaticano não ter falado abertamente sobre a Equality Bill, a imprensa da Grã-Bretanha considerou as palavras como um ataque às normas anti-discriminação.
"As pessoas sérias compreendem rapidamente que não se trata de algum modo de interferência da Igreja na dinâmica social e política, mas de uma devida --e até mesmo corajosa-- manifestação das suas posições a serviço do bem comum", afirmou Lombardi.
No editorial semanal "Octava dies", publicado pela Rádio Vaticana, o porta-voz da Santa Sé citou o rabino-chefe britânico e lorde Jonathan Sacks, que defendeu a liberdade de expressão de Bento 16 no jornal "Times".
"Não somente os católicos veem o problema: é um problema para todos, para enfrentar honestamente se queremos verdadeiramente construir juntos uma sociedade melhor", acrescentou Lombardi.
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