Previsão de gastos deve ser divulgada em março e deve levar em conta só o PIB
Governo nega corte no orçamento para segurar juros
O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, negou nesta quinta-feira (4) que haverá corte no orçamento para segurar juros, caso ocorra uma manutenção da taxa Selic, dos atuais 8,75% para 11,75% ao ano. Mais cedo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cogitou a possibilidade de aumento gradual dos juros como forma de conter a inflação.
As declarações dos ministros foram concedidas durante a apresentação do balanço de três anos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) apresentado no Palácio do Itamaraty.
- A pergunta que me fizeram foi se estávamos fazendo programação financeira de maneira a ajudar o Banco Central a segurar os juros. Não, não estamos fazendo isso. Estamos olhando a receita, a despesa e quanto nós vamos ter que cumprir se superávit fiscal [economia do governo para pagar os juros da dívida] nesse ano. A questão dos juros não é problema nosso.
Bernardo alegou que o orçamento está sendo feito com base na previsão de crescimento do país de 5% - medido por meio do PIB (soma das riquezas produzidas). A previsão é que o governo divulgue a programação do orçamento em 20 de março.
- A lei orçamentária foi aprovada com previsão de crescimento do PIB de 5%. A Fazenda já faz uma previsão de 5,2% e o BC de 5,8%. Durante a execução podemos mudar essa previsão, mas continuamos trabalhando com 5%.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o crédito no Brasil deve ter aumento de 20% neste ano – ante a expansão de 15% em 2009 frente ao ano anterior. O aumento do PIB deve refletir ainda no crescimento no número de empregos no país, que deve passar de 1,6 milhão..
Cenário
As declarações dos ministros se contrapõem aos indicadores divulgados nos últimos dias que apontam alta da inflação, previsão de queda do crédito e aumento nos juros. Segundo sondagem feita pela Serasa Experian, a oferta de empréstimos deve diminuir ainda neste primeiro semestre devido à aceleração dos preços constatada nas capitais..
Levantamento realizado pela Fipe (Fundação de pesquisas Econômicas Aplicadas) mostrou que inflação medida no mês de janeiro foi a maior desde fevereiro de 2003. Para conter essa aceleração nos preços os analistas do BC já cogitam o aumento da taxa Selic, dos atuais 8,75% para 11,75% ao ano, conforme previsão divulgada na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta quinta-feira pelo BC.
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