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Sandro Dota, ex-cunhado da vítima, vai a julgamento na terça-feira, em São Paulo
Acusado de estuprar e matar se defende: "Não teria capacidade"
O motoboy Sandro Dota, de 42 anos, acusado de estuprar e matar a ex-cunhada, Bianca Consoli, quando ela tinha 19 anos, em 2011, será julgado a partir de terça-feira (23). Antes de ser ouvido pelos jurados, ele negou as acusações, em uma entrevista, de dentro da Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, onde está há um ano e sete meses.
O corpo de Bianca foi encontrado próximo à porta de saída da casa onde a estudante morava com a família, na zona leste de São Paulo. Ela havia acabado de tomar banho e se preparava para ir à academia, quando foi atacada. Após as investigações, a polícia apontou um único suspeito: Sandro Dota, casado na época com Daiana Consoli, irmã de Bianca.
Questionado sobre ele ser o autor do crime, Sandro nega e diz nunca ter tirado a vida de ninguém.
— Não teria a capacidade de matar um ser humano. Não teria. Não é da minha índole. Nunca tirei a vida de ninguém, nunca maltratei ninguém. Sou uma pessoa que quero só o bem. Não quero o mal pra ninguém.
DNA
O caso esteve sob segredo de Justiça. Com a proximidade do julgamento, o juiz decidiu levantar o sigilo. No processo está o laudo da perícia, que mostra fotos do braço de Sandro Dota na época do crime. A conclusão é que a lesão é idêntica à de uma arranhadura, feita durante uma suposta briga. O motoboy se defendeu.
— [O arranhão] era uma coisa que, para mim, eu nem tinha. Para mim, nem existia aquilo. Aquilo, depois que eu fui olhar, depois que foram me falar... Era uma coisa de um grão de arroz.
A perícia também encontrou fragmentos de pele embaixo das unhas de Bianca. Ela teria arranhado o assassino antes de morrer. Possivelmente, para tentar se defender. Dias depois, a polícia recolheu algumas roupas na casa de Sandro. Em uma calça jeans, entregue pela mulher dele, a pericia encontrou manchas de sangue. Mas o motoboy não permitiu que o seu DNA fosse recolhido.
O advogado assistente de acusação, Cristiano Medina da Rocha, questiona a atitude.
— Se o Sandro não fosse o autor do delito, a primeira postura dele seria imediatamente fornecer o material genético. Ele não estaria preso a tanto tempo.
Sandro disse que tinha medo de a análise não ser feita de maneira “independente” e por isso não cedeu material. Mas os policiais conseguiram sangue dele de outra maneira, de acordo com o delegado Alberto Pereira Matheus.
— Quando ele entrou em luta corporal com a Bianca, ele bateu a canela, provavelmente na escada que saía do quarto dela. Na altura da canela, ele deixou um pouquinho de sangue, e era tudo isso que a polícia precisava.
O DNA da pele encontrada debaixo das unhas da vítima é o mesmo da mancha de sangue da calça apreendida na casa de Sandro Dota. Para o promotor do caso, Nelson dos Santos Pereira Júnior, isso já indica a autoria do crime.
— A perícia concluiu que eram materiais idênticos. [...] Ou seja, foi ele.
"Não tem como dizer que não foi ele", diz irmã de Bianca Consoli e ex-mulher do acusado
Chave
Outro indício que a polícia considerou para apontar Sandro Dota como o principal suspeito foi o fato de todas as portas da casa estarem trancadas e de não haver sinais de arrombamento. Apesar de morar a cerca de 50 m da casa onde Bianca vivia com a mãe e com o padrasto, o acusado nega que tivesse acesso às chaves da residência.
— A única vez que a minha esposa teve acesso à chave da casa, não era da casa. Era do portão do fundo. Foi pra lavar as peças de roupas que a nossa máquina havia quebrado. Foi a única vez. Ficamos com a chave do fundo, do portão, durante dois dias, depois entregamos a chaves normalmente.
Marta Ribeiro, mãe de Bianca, conta que a chave que abria a porta da cozinha desapareceu uma semana antes do crime.
— [A chave] sumiu. Estava na porta e sumiu. Eu fui fechar a porta às 22h e a chave tinha sumido.
Amiga
No processo, consta também o depoimento de uma testemunha protegida, que se apresenta como sendo uma das melhores amigas de Bianca. Segundo o relato da amiga, a vítima falou que o cunhado a assediava. "Sandro passou a mão no rosto de Bianca, pegou em seu cabelo e fez um comentário malicioso", diz um trecho do depoimento.
Além disso, testemunha contou à polícia que a jovem nunca cederia. "Só se ele me matar pra fazer alguma coisa, porque, em vida, ele não faz nada", consta em outro trecho.
Sandro Dota diz que nunca tentou nada com a cunhada e que apenas elogiou o cabelo dela, em uma ocasião. Questionado se Bianca era uma moça bonita, o motoboy não concorda.
— Para mim, ela era uma moça comum. Não era uma menina feia, mas era uma moça comum.
Julgamento
Previsto para durar três dias, o júri popular de Sandro Dota começa na terça-feira (23). Sete jurados, ainda não escolhidos, vão decidir se o motoboy continua na cadeia. Ele é acusado de estupro e de homicídio triplamente qualificado. Crimes com penas que podem ultrapassar 40 anos de prisão.
Às vésperas de ser ouvido, Sandro jura inocência.
— Eu grito pra todo mundo ouvir que eu sou inocente. Todos os dias.
Fonte:
Do R7
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