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Economia
Quarta - 03 de Fevereiro de 2010 às 02:32
Por: Marcondes Maciel

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Os preços do açúcar cristal deram um salto de 80,75% em um período de apenas 45 dias em Cuiabá
Os preços do açúcar cristal deram um salto de 80,75% em um período de apenas 45 dias em Cuiabá

Os preços do açúcar cristal, no varejo dos supermercados, deram um salto de 80,75% em um período de apenas 45 dias em Cuiabá. A alta vem causando espanto nos consumidores. O pacote de dois quilos de açúcar, que chegou a ser vendido por R$ 2,13 na primeira semana de dezembro, foi encontrado ontem pelo preço médio R$ 3,85 na maioria dos supermercados. Em alguns estabelecimentos, contudo, o produto chegou a ser encontrado ontem por até R$ 4,19. Há perspectivas novas altas ainda neste mês de fevereiro, com os preços podendo passar de R$ 5.

“Nossos fornecedores já nos avisaram que os preços poderão sofrer novos reajustes, vai depender dos estoques das usinas”, afirmou o dono de uma rede de supermercados.

A alta assustou a população, mas o consumo foi mantido. “Os preços realmente são exorbitantes, mas não há como diminuirmos o consumo. Continuo tomando meu cafezinho três vezes ao dia e ainda uso o produto para outras receitas”, afirmou a dona de casa Sílvia Aparecida, residente no bairro Morada do Ouro.

O principal fator da alta, segundo a Associação dos Supermercadistas de Mato Grosso (Asmat), é a redução dos estoques mundiais. “O movimento de alta começou na segunda quinzena de dezembro. Mas não repassamos por causa do Natal. Agora o reajuste foi inevitável, mas estamos apenas repassando os preços”, afirmou o presidente da Asmat, Kássio Catena.

Segundo ele, há previsão de pelo menos mais uma alta até o início da safra, em março. “Mas não temos problema de abastecimento. O suprimento está sendo feito normalmente pelas indústrias, porém a questão é de mercado mesmo devido à alta generalizada dos preços em todo o mundo”. Catena diz que apesar da alta, não houve redução no consumo de açúcar. “[O açúcar] é um produto de primeira necessidade e ninguém deixa de consumir ou reduz o consumo por causa dos preços”.

Enquanto o movimento de alta não para, os supermercados procuram negociar a entrega do produto e reforçar os estoques das prateleiras. “Estamos negociando com nossos fornecedores para podermos ao menos manter os preços ao consumidor”, disse Vilmar Zboralski, proprietário de uma rede de supermercados.

Outro supermercadista revelou que o fardo de 30 quilos de açúcar cristal pode chegar a R$ 70 ainda este mês.

USINAS – As usinas produtoras de açúcar de Mato Grosso atribuem a alta do produto à questão mercadológica. “A nossa situação reflete a conjuntura mundial, com a quebra da safra e a necessidade de importação pelos grandes países consumidores”, explica o diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado (Sindálcool), Jorge dos Santos.

Segundo ele, a Índia - segundo maior produtor mundial - teve quebra de 5 milhões de toneladas, deixando de exportar 2,5 milhões de toneladas e tendo de importar outras 2,5 milhões de toneladas para cumprir uma determinação do governo que obriga a mistura de 10% de etanol à gasolina. Na verdade, a cana que sobrou na Índia teve que ir para a produção de etanol. Mesmo assim, o país ainda teve de importar 500 milhões de litros do Brasil para cumprir a meta”.

Segundo Jorge dos Santos, houve uma escassez de açúcar em nível mundial e hoje todo o mundo está correndo atrás do produto. Para complicar um pouco mais a situação, São Paulo reduziu a produção por causa do excesso de chuvas e os embarques estão atrasados. “Recebi a visita de um emissário da Holanda querendo comprar 50 mil toneladas de açúcar de Mato Grosso”, revelou. Santos acredita que os preços poderão cair depois da colheita de cana-de-açúcar, a partir da segunda quinzena de março.






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