Abastecer carro flex a álcool só é vantajoso em Mato Grosso
O aumento generalizado do preço do álcool no País continua afetando a atratividade deste combustível para os proprietários de veículos flex. Um levantamento feito pelo Terra com base na pesquisa de preços mais recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), realizada entre 24 e 30 de janeiro, aponta que abastecer com o combustível renovável é vantajoso em apenas no Estado do Mato Grosso.
O levantamento leva em conta o critério de que o carro abastecido a álcool tem autonomia 30% menor do que quando abastecido na gasolina. Portanto, o preço por litro do combustível à base da cana-de-açúcar deve ser pelo menos 30% menor do que o derivado do petróleo para ser vantajoso.
Igual levantamento feito com base na pesquisa anterior da ANP, realizada entre os dias 17 e 23 de janeiro, apontava que abastecer a álcool era vantajoso em dois Estados brasileiros (Mato Grosso e Tocantins). Há quase quatro meses, em pesquisa do dia 13 de outubro, o levantamento apontou que rodar com o combustível renovável era vantajoso em 18 das 27 unidades da federação.
A pesquisa feita pela ANP leva em conta os preços médios por litro de cada combustível oferecido pelos postos ao consumidor. Como o valor do litro pode variar bastante conforme o posto, vale a pena fazer a conta antes de decidir. Por exemplo, na maior cidade do País, São Paulo, é possível encontrar álcool de R$ 1,639 até R$ 1,999 por litro, sendo a média R$ 1,823.
A conta para decidir pelo combustível é simples. Multiplique o preço da gasolina por 0,7. Se o resultado for maior que o preço do álcool, compensa abastecer com o combustível renovável. Se o valor da multiplicação for menor que o do álcool, a gasolina é mais vantajosa.
Em Mato Grosso, a diferença entre os preços do álcool e da gasolina é de 37,69%.
Na outra ponta da tabela, as diferenças menores entre o preço dos dois combustíveis são as verificadas no Rio Grande do Sul (10,64%), Espírito Santo (16,65%), Piauí (18,1%), Santa Catarina (18,11%), Maranhão (18,84%) e Amazonas (18,85%).
O Estado com maior preço médio da gasolina é o Acre (R$ 2,912) e o menor é a Paraíba (R$ 2,406). No caso do álcool o maior preço médio é o do Rio Grande do Sul (R$ 2,327) e o menor o do Mato Grosso (R$ 1,693)
Redução de álcool na gasolina
Em vigor a partir do dia 1º de fevereiro, a diminuição do percentual de álcool misturado na gasolina é uma medida do governo para tentar aumentar a oferta do combustível renovável e estancar a alta dos prelos. A medida terá vigência de 90 dias e, segundo o Ministério de Minas e Energia, aumentará a oferta de etanol em cerca de 300 milhões de l.
No entanto, a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) afirmou que a medida vai causar aumentos no preço da gasolina, visto que o produto sem mistura custa mais que o combustível misturado ao álcool. O aumento ocorrerá, segundo a entidade, porque o governo não reduziu a carga tributária para amenizar o impacto da mudança na mistura.
A instituição disse que não faz projeções sobre o aumento do preço final da gasolina para os consumidores porque essas previsões poderiam gerar atrito com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Mas, economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) estimaram que o preço da gasolina ao consumidor deverá subir aproximadamente 2% em fevereiro.
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