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Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Segunda - 23 de Dezembro de 2013 às 11:32

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Vinte e cinco anos após a morte de Chico Mendes, seus herdeiros no Acre destacam a preservação da mata nativa como um avanço positivo no Estado, que aposta em políticas "verdes" para manter vivo o legado do líder seringueiro.


 
Mas a preservação ocorreu de forma desigual no Acre. A região da cidade de Xapuri, onde Chico Mendes lutou contra a entrada do agronegócio, é atualmente a que mostra o maior impacto do avanço na criação de gado e plantio de grãos no Estado.


 
A Reserva Extrativista Chico Mendes, com seus quase um milhão de hectares, é uma das última áreas de floresta mantida em pé na região.


 
De Rio Branco a Assis Brasil, na fronteira com Peru e Bolívia, quem trafega pela BR-317 se depara com fazendas a perder de vista. Desde metade dos anos 2000, a cana-de-açúcar passou a se fazer presente na região do Alto Acre, no sul do Estado, composta por cinco municípios. É nela onde se concentram 70% da floresta desmatada do Estado.


 
Indo para o outro lado do Acre, na parte mais ocidental da Amazônia brasileira, o impacto do agronegócio é bem menor.


 
O isolamento de quase 40 anos da região por conta da estrada sem pavimentação é apontado como uma das razões para a baixa ação humana. É nela onde se concentram 88% da cobertura florestal acriana.



Educação


 
Para gela Mendes, filha de Chico Mendes, a luta do líder seringueiro contra a destruição da floresta é um dos principais motivos para o Estado ainda contar com uma ampla floresta intacta.


 
"Graças ao empenho de meu pai de chamar a atenção do mundo para o que acontecia na Amazônia, o Acre tem 46% de seu território protegido por unidades de conservação", comenta ela. "Saltamos dos maiores desmatadores do Brasil para sermos, 25 anos depois, o menor", compara.


 
Entre florestas públicas, parques, reservas e terras indígenas, o Estado possui 16 milhões de hectares como áreas naturais protegidas.


 
Para evitar mais desmatamento e o avanço do agronegócio, o Acre iniciou, em 1999, no governo de Jorge Viana (PT), uma política econômica que tinha como foco a exploração sustentável das riquezas naturais, visando colocar em prática as ideias defendidas por Chico Mendes.


 
gela Mendes acredita que os avanços na educação dos povos da floresta são um dos resultados positivos da política.


 
"Somente na reserva Chico Mendes temos 52 escolas, algumas até com o ensino médio. Em 25 anos foram mais de 18 mil pessoas alfabetizadas. Se levarmos em consideração que até 1980 a grande maioria dos seringueiros e seus filhos era analfabeta, nós tivemos um grande avanço", diz.


 
Mas o economista da Universidade Federal do Acre (Ufac) Carlos Estevão observa que a alfabetização dos seringueiros produz o efeito de saída de seus filhos de dentro da floresta.


 
"Como eles passaram a estudar mais, se qualificar, muitos não querem viver no seringal e vão para as cidades. É possível em algumas décadas a floresta estar despovoada", analisa Estevão.


 
Recuperando o extrativismo


 
Do ponto de vista econômico, nos últimos 15 anos, desde a chegada do PT ao governo do Acre, o Estado tentou ressuscitar a economia extrativista.


 
Uma dasações adotadas nesse sentido foi o manejo madeireiro com a concessão de grandes áreas de floresta para a exploração de madeira por empresas privadas, além de outros planos de manejo comunitário, feito pelos próprios moradores.


 
Com a borracha e a castanha-do-pará tendo pouca rentabilidade, o principal produto explorado passou a ser a madeira.





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