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Economia
Segunda - 01 de Fevereiro de 2010 às 06:50
Por: Steffanie Schmidt

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Padarias melhoram serviços e oferecem diversidade
Padarias melhoram serviços e oferecem diversidade

O café-da-manhã quentinho, na mesa, antes do trabalho, deixou der ser uma exclusividade das famílias para ganhar a variedade dos balcões das panificadoras de Cuiabá. O setor apresentou um crescimento de 6,5% no número de estabelecimentos em operação no ano passado em relação a 2008, segundo dados da Junta Comercial do Estado de Mato Grosso (Jucemat). Representantes do ramo afirmam que a sobrevivência das padarias hoje vai muito além do tradicional "pão com leite" e caminha para a diversificação dos serviços ofertados. A tendência é fidelizar o cliente à loja durante toda a sua cadeia de alimentação: do café-da-manhã ao último lanche da noite, passando pelo almoço e até mesmo pelo chopinho no final de tarde.

De acordo com o empresário e presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de Mato Grosso (Sindipan), Luis Antônio Garcia, o mercado apresenta crescimento constante para quem se atualiza conforme as necessidades do consumidor. "Eu mesmo estou convicto de que ou mexo na minha padaria, ou vou ficar para trás". Garcia é proprietário da panificadora Vovó Hélide, uma das pioneiras do ramo em Cuiabá, há 15 anos no mercado.

Com a experiência de quem atua no mercado de panificação há 23 anos, ele afirma que a tendência da prestação de serviços das padarias é se igualar à Capital de São Paulo. "Se você não tiver uma rotisseria, uma pizzaria ou servir um chopinho como opção ao serviço de panificação, então não sobreviverá". Segundo ele, a cada duas novas padarias que abrem nos bairros, em regiões periféricas da cidade, 4 fecham as portas. "São estabelecimentos que se restringem à venda de pão e leite e isso não atende o público, que está cada vez mais exigente".

O costume paulistano tem sido observado de perto justamente por 2 representantes da cidade cosmopolita, que moram em Cuiabá há 22 anos. Na visão do contador Marcos Lima, 47, e de sua esposa, Nilda Lima, 45, a moda já está pegando em Cuiabá. "Em São Paulo é muito comum você encontrar as pessoas tomando café-da-manhã nas padarias. Aqui o movimento é recente". E os filhos cuiabanos do casal, já aderiram à moda. "Eles também não abrem mão de freqüentar".

A explicação, segundo o proprietário da Viena Pães e Doces, Hernando Brito, é de que a padaria desfruta de um conceito diferenciado entre os consumidores. "As pessoas não vão simplesmente à padaria; elas falam "vamos à nossa padaria". É como se fosse a extensão da casa delas". Por conta disso, segundo ele, no ano passado quando vários setores da economia sofreram os efeitos da crise econômica, as panificadoras mantiveram seu crescimento. "O setor de alimentação foi o que menos sofreu impacto, mas o de panificação nem chegou a balançar. Isso por que o consumidor corta do orçamento um jantar fora, o barzinho, mas não deixa de frequentar a padaria".

Assim como Garcia, Brito afirma que o crescimento do setor é uma constante. "Não existe sazonalidade, época em que se vende mais. É movimento sempre". Ele estima que teve um crescimento de 5% em 2009 em relação ao ano anterior. Desde que começou com a loja no bairro Popular, há 7, Brito registrou um aumento de 122,2% no número de funcionários. "Começamos com 27 e hoje temos 60". E a tendência é aumentar, já que ele pretende manter os clientes na loja também no horário de almoço.

Tradição X Modernidade -A sensação de novidade no hábito dos cuiabanos fica restrita ao local escolhido para tomar o café-da-manhã. No paladar, o que prevalece é a tradição. O pãozinho na chapa, com manteiga, acompanhado de café com leite é a pedida na maioria dos estabelecimentos. E se o que pesa em Cuiabá é a tradição, a aproximação com a culinária regional é sempre bem-vinda. "Estamos há tempos tentando chegar à receita do bolo de arroz. É a única coisa que ainda não servimos, porque, competir nesse quesito, aqui em Cuiabá, é complicado", brincou o proprietário da Viena Pães e Doces.

Mas os investimentos não param por aí. Apostando na diversificação do paladar, a recém-inaugurada panificadora Firenze iniciou com o serviço à lacarte, mas estuda para os próximos meses a implantação do serviço de buffet, segundo o gerente da casa, Mário Sekimura. "Em breve serviremos um café da manhã completo, a quilo, com variedade de opções".

A mesma aposta faz o proprietário da Estação do Pão, Anésio Kokura. "Creio que dentro de 2 meses vamos passar a oferecer o serviço". A mudança é para atender a demanda de clientes que, segundo ele, não consegue mais ser contemplada com o serviço do balcão. A sua padaria já segue o novo conceito e oferece o serviço de panificação, mercearia e restaurantes em ambientes separados. Somente no restaurante, chegam a passar cerca de 150 pessoas ao dia.

O mercado é tão promissor, que Anésio está finalizando a Padaria do Moinho, no bairro Bosque da Saúde, um investimento de R$ 5,5 milhões. O local vai abrigar restaurante, lanchonete, mercado, panificadora, além de uma mini-indústria de moagem de trigo com capacidade para processar 500 kg do cereal por dia.

Para o empresário Fernando de Arruda Dias, 32, a facilidade de ter tudo à mão e quentinho é o que prevalece para que ele decida tomar o café da manhã na padaria. "Normalmente quero dormir um pouco mais e não ter que levantar antes para arrumar a mesa. Aí prefiro a praticidade da padaria". O perfil dele é o que se encaixa nos freqüentadores das panificadoras. "Percebemos um aumento de 20% nesse tipo de cliente em nosso estabelecimento", afirma Kokura. Nos fins de semana mudam os costumes: são as famílias que tomam conta do espaço nas lojas.

No Café Florença Pães e Doces, tanto famílias quanto clientes empresariais são assíduos frequentadores do local todos os dias da semana. Tanto que, todos os anos, é realizada uma reforma para aprimorar o ambiente a fim de receber mais pessoas. Em breve, será inaugurado o restaurante, segundo a gerente Thalita Juliana de Oliveira. O novo fator deverá ampliar os horários de pico que atualmente são de manhã, até às 9h e à tarde, a partir das 15h30.

Em uma escala menor, o proprietário da Doce Real Panificadora, Paulo Eustáquio de Farias, já percebeu a tendência de diversificação. Servindo a população dos bairros Alvorada e Bordas da Chapada há 7 anos, ele não se restringe mais à venda do pão e leite. "Meu maior movimento aqui é o da venda de salgados, geralmente para os estudantes, que param para comer aqui, seja no café da manhã e ou à tarde". Atualmente ele trabalha com 3 funcionários, mas afirma que dá conta do recado. "Atendo ainda encomendas, além de oferecer o serviço de mercearia e conveniência".





Fonte: A Gazeta

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