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Internacional
Sábado - 30 de Janeiro de 2010 às 07:38
Por: Nick Bunkley

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Por anos, a General Motors (GM) esteve na defensiva, perdendo vendas para a Toyota constantemente. Agora, a montadora americana enfim vê uma chance de virar o jogo. Na quarta-feira, a empresa começou a oferecer descontos e financiamentos com juro zero especificamente aos proprietários de Toyotas.

"Estamos respondendo às preocupações dos muitos proprietários de Toyotas que procuraram nossas concessionárias pedindo ajuda", disse um porta-voz da GM, Tom Henderson. "Nossa reação foi oferecer uma solução para os problemas deles".

A Toyota estava correndo em busca de uma solução própria para sua crise, ao longo da semana, tentando consertar o defeito de seus pedais de acelerador e minimizar os danos à sua reputação de fabricante de veículos seguros. O problema com os pedais criou uma oportunidade para montadoras concorrentes, a exemplo da GM.

Os analistas antecipam que Honda, Hyundai e Ford sejam as mais beneficiadas pela situação. A Edmunds.com exibia em sua página de notícias uma foto de uma concessionária Honda próxima a Dallas que afirmava, em seu painel eletrônico, que "nossos pedais de acelerador não prendem!"

"Creio que devam surgir preocupações instantâneas para todos os proprietários de Toyotas", disse David Thomas, editor sênior do site Cars.com. "É aquela imagem de um carro descontrolado porque o acelerador está preso. Não existe associação mental pior, para uma montadora de automóveis".

A Avis, uma locadora de automóveis que opera também a rede Budget, anunciou que tiraria de uso os 20 mil Toyotas de sua frota. Enterprise, National e Alamo também anunciaram que suspenderiam temporariamente a locação de Toyotas.

A fornecedora de autopeças que fabrica os pedais questionáveis, sediada em Indiana e com fábrica no Canadá, anunciou que já havia começado a despachar os pedais substitutos para Toyota. Mas não se sabe ao certo com que rapidez essas peças estariam prontas para instalação nas linhas de montagem e nas concessionárias que atenderão os proprietários dos milhões de veículos afetados.

As autoridades regulatórias federais americanas afirmaram na quarta-feira que a Toyota tinha a obrigação legal de suspender a venda dos oito modelos cujo recolhimento foi anunciado na semana passada. Mas a empresa demorou cinco dias para anunciar a suspensão.

Uma medida drástica como essa agravou as preocupações entre muitos proprietários dos modelos afetados, ainda que a Toyota tenha insistido em que seus carros são seguros e as ocorrências sejam raras. A empresa expandiu por duas vezes o número de veículos envolvidos no recall, para um total de 4,8 milhões de carros, e por fim admitiu a existência de uma falha mecânica, depois de inicialmente ter atribuído o problema a tapetes de borracha mal encaixados, no final de 2009.

"Isso despertou muitas dúvidas", disse Regina Weiss, do Brooklyn dona de um híbrido Toyota Prius 2010. O modelo não está sendo recolhido, ainda que veículos da marca fabricados em anos anteriores constem da lista de recall de novembro. "Quero ter certeza de que o carro é seguro", ela acrescentou. "Pode ser que seja, mas a sensação que me fica é a de que eles não sabem bem o que está errado e não compreendem realmente o problema".

Em um documento encaminhado à Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário, a Toyota afirma que o mais recente problema afeta a armação do pedal dos veículos afetados. Quando o aquecedor é acionado em um carro que está frio, a condensação interna de água nas partes frias pode fazer com que um componente deslizante localizado no interior da armação do pedal trave, em lugar de se mover suavemente.

As concessionárias da Toyota estavam se preparando para uma queda nas vendas, depois dos resultados já medíocres de 2009.

Os modelos que a Toyota deixou temporariamente de vender respondem por 57% das unidades que a montadora vendeu no ano passado - os sedãs Camry, Corolla e Avalon, a perua Matrix, o crossover RAV4, a picape Tundra e os utilitários esportivos Sequoia e Highlander.

"Do jeito que as coisas estão agora, uma semana de negócios perdida vai sem dúvida nos afetar", disse John Tyburski, gerente geral da Germain Toyota, em Sarasota, Flórida.

Ainda que janeiro seja em geral um mês lento para as concessionárias, Tyburski disse que sua empresa provavelmente não registraria o salto de vendas que costuma surgir no final do mês. A concessionária tipicamente venderia 50 veículos no fim de semana final de janeiro, mas o número deve se reduzir muito, disse Tyburski. Ele está ponderando como manter os pagamentos de sua equipe, boa parte da qual depende de comissões.

Na quarta-feira, alguns funcionários caminhavam pelo show room afixando etiquetas vermelhas e brancas com os dizeres "não está à venda" nos modelos com ordem de recall.

Jake Fisher, engenheiro sênior da revista Consumer Reports, disse que os motoristas dos modelos recolhidos dificilmente enfrentariam problemas com aceleradores presos. Mas as ramificações do defeito são tão sérias, e a ordem de recolhimento tão grande, que muitos consumidores podem desenvolver sérias dúvidas sobre a Toyota, ele disse.

"A Toyota precisou de décadas para criar a sua reputação de qualidade e confiabilidade, e essa notícia certamente causará alguma erosão nessa reputação", disse Fisher. "Se a pessoa estava pensando em comprar um Camry, pode optar em lugar disso por um Honda Accord. Se a ideia era um Corolla, pode trocá-lo por um Ford Focus ou Hyundai Elantra".

A GM, com seus novos incentivos, claramente espera entrar nessa disputa. Ao longo desta semana, ela planeja oferecer até US$ 1 mil aos detentores de contratos de arrendamento de Toyotas, com financiamento a juro zero de 60 meses ou um desconto de US$ 1 mil no preço inicial na compra de seus veículos.

A CTS, a fornecedora que a Toyota revelou como fonte dos pedais de acelerador defeituosos usados nos veículos que serão recolhidos, divulgou um comunicado na quarta-feira no qual afirmava que vinha trabalhando com a montadora "já há algum tempo, para desenvolver um novo pedal que atenda a especificações mais rigorosas".

Afirmou que os testes estavam concluídos e que as peças começam a ser embarcadas para as fábricas afetadas, que a Toyota pretende fechar na semana que vem.

A CTS informou que estava ciente, com base em informações da Toyota, de "menos de uma dúzia" de casos que envolvem pedais com acionamento mais lento. Nenhum deles envolvia pedais efetivamente presos em posição de aceleração. E a fabricante de autopeças também culpou a Toyota pelo problema.

"Os produtos que fornecemos à Toyota, entre os quais os pedais de acelerador envolvidos na recente ordem de recall, foram todos produzidos de acordo com as especificações de projeto fornecidas pela Toyota", o comunicado afirma.






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