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Repórter News - reporternews.com.br
Policia MT
Sexta - 29 de Janeiro de 2010 às 22:16

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Por falta de cela específica, uma mulher de 23 anos vem sendo mantida presa há mais de uma semana em um banheiro da delegacia de Chapadão do Sul (a 350 km de Campo Grande). Flagrada quando tentava furtar um desodorante e uma garrafa de bebida alcoólica de um supermercado da cidade, Loyane Souza Almeida foi presa no dia 21.

Como a delegacia não tem cela exclusiva para mulheres, ela recebeu um colchonete e foi trancada à chave dentro de um banheiro da unidade.

Procurada pela Folha, a assessoria de comunicação da Polícia Civil confirmou que a presa vem sendo mantida "em um banheiro adaptado a uma situação de emergência" e que a situação "é do conhecimento das autoridades do município".

"É uma estrutura mínima, na qual ela pode se sentar, deitar e fazer as suas necessidades. Está longe de ser a situação ideal, mas é o que pode ser feito até que surja uma vaga no sistema prisional", disse o delegado Jefferson Luppe, assessor de comunicação.

A situação foi denunciada pelo advogado criminalista Lourival Claro, que, em visita à delegacia, disse ter ficado "chocado" com a alternativa achada pelos policiais.

"É um banheiro de, no máximo, quatro metros quadrados, com uma janelinha no alto e mais nada. É muito quente e não há contato algum com o mundo exterior. É como se ela estivesse numa solitária, sem ninguém para conversar", diz.

Para Paulo Ângelo de Souza, da ONG Centro de Direitos Humanos Marçal de Souza, a medida adotada é "inaceitável" por "reduzir o ser humano à condição de animal".

"Aquela garota está trancafiada em um banheiro, em condição degradante e sujeita a contrair doenças. Não há justificativa aceitável para isso", afirmou.

Segundo ele, a entidade vai entrar em contato com a Polícia Civil para cobrar uma "transferência imediata". "Lamentavelmente, o Estado é reincidente neste tipo de situação. Já tivemos casos de presos acorrentados no lado de fora de delegacias", disse.

A Polícia Civil não soube informar quantos presos permanecem na delegacia --todos os outros são homens.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado informou à Folha que a atual gestão investiu R$ 6,3 milhões na construção, reforma e ampliação de unidades da Polícia Civil que custodiam presos.

Recentemente, segundo o órgão, foi encaminhado ao Departamento Penitenciário Nacional um pedido de construção de 21 novas cadeias públicas para presos provisórios --17 masculinas e quatro femininas.






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