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Quinta - 28 de Janeiro de 2010 às 03:02
Por: Keity Roma

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Cuiabá tem incremento de 88% nos registros
Cuiabá tem incremento de 88% nos registros

O número de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes registrados em Cuiabá aumentou 88% em 2009, se comparado aos registros de 2008. O Conselho Tutelar da Capital atendeu 127 vítimas no ano passado, e 68, nos 12 meses anteriores. O crescimento teria acontecido em virtude de denúncias de casos já existentes, reflexo de uma mudança de comportamento da sociedade e da consolidação de ferramentas de combate aos crimes dessa natureza - com destaque para o telefone disque-100.

Os números seguiam uma tendência de redução desde o ano de 2006, quando a entidade registrou 127 ocorrências em Cuiabá. No ano seguinte, foram 87. Apenas em 2009 os dados voltaram a subir. Para a coordenadora executiva do Comitê Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, Dilma Camargo, os números não demonstram um crescimento, na prática, do crime. Seria um sinal do fim do silêncio de testemunhas e vítimas.

“As vezes as pessoas pensam que as ocorrências estão aumentando, quando, na verdade, a maioria dos abusos denunciados agora já vinham acontecendo. Com a abordagem do assunto pela imprensa, a sociedade percebeu que há uma repercussão e que os abusadores são penalizados. Não é mais um crime que fica impune e escondido”, apontou.

Dilma afirma que Mato Grosso está despertando para a defesa dos direitos da criança. Além disso, o mito de que crimes sexuais aconteciam com vítimas de famílias carentes está se desfazendo. Parte disso aconteceu com a divulgação de crimes de pedofilia no ano passado. O assassinato do menino Kaytto Guilherme Pinto Nascimento, aos 10 anos, chocou todo o país e sensibilizou toda a sociedade.

O pedófilo Edson Alves Delfino, 29 anos, deve ser submetido ao Tribunal do Júri ainda no primeiro semestre deste ano. A tragédia se tornou um marco no enfrentamento à violência contra crianças. Outro caso que chocou a Capital em 2009 foi o estupro de uma menina de 1 ano e 11 meses, pelo padrasto Marcondes Moura, 35 anos. Após violentá-la, ele queimou a genitália da criança com uma panela quente para eliminar provas do abuso.

“Mato Grosso precisa avançar muito, mas existem estados bem mais atrasados, como o Pará e o Maranhão”, avaliou Dilma. Gargalos estruturais ainda dificultam o combate aos crimes, como, por exemplo, a falta de uma estrutura adequada para atender a toda a demanda na Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica).

O promotor de justiça José Antônio Borges, da Promotoria da Infância e Juventude, pontuou que crimes de pedofilia não são a maioria das ocorrências de violência sexual. “Grande parte são abusos cometidos contra adolescentes por pessoas próximas, pais, parentes e conhecidos”. Ele atribui especialmente ao disque 100- número fácil e que garante o anonimato do denunciante - os avanços no número de denúncias.






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