Obama diz que perdeu, em parte, contato com os americanos
Um ano após a posse, Barack Obama lamentou nesta quarta-feira ter perdido contato com os americanos, em seguida à pesada derrota sofrida pelos democratas na véspera durante uma eleição para o Senado de Massachusetts, ao mesmo tempo em que a Casa Branca assegurava que as reformas vão continuar.
"Se há uma coisa que lamento este ano, é o fato de estarmos tão ocupados em agir e administrar crises urgentes que perdemos, em alguma parte, o contato direto com os americanos sobre seus valores essenciais", declarou Obama ao canal de televisão ABC.
O ato de contrição seguiu-se à vitória, na noite de terça-feira, do republicano Scott Brown na eleição para uma vaga no Senado, por Massachusetts, organizada após a morte, em agosto, de Ted Kennedy, figura de proa da esquerda americana.
Inimaginável há algumas semanas, em um Estado historicamente democrata, a derrota priva o partido governista da cômoda maioria de 60 votos no Senado que lhes permitia enfrentar todas as tentativas de obstrução feitas pela oposição.
Este revés traz maus augúrios para as eleições legislativas de novembro, mas a Casa Branca afirmou que não representaria empecilhos à vontade de Obama de reformar o país, e prometeu trabalhar para superar dificuldades econômicas das quais continuam a sofrer os americanos e que parecem ter desempenhado um papel importante na terça-feira, em Massachusetts.
Mas Obama também tratou de dividir com seu antecessor as responsabilidades pela insatisfação dos americanos.
"As pessoas estão com raiva, elas são frustrados. Não apenas por causa do que aconteceu no último ano ou dois anos, mas o que aconteceu nos últimos oito anos", disse Obama à ABC News.
À TV MSNBC, o porta-voz de Obama, Robert Gibbs, disse que o problema poderia ser de comunicação: "É preciso que trabalhemos ainda mais para fazer os americanos compreenderem que o presidente se dedica da manhã à noite a melhorar sua situação econômica".
Apesar da saída da recessão dos Estados Unidos no verão passado, o país continua a destruir empregos e a taxa de desemprego está num nível historicamente elevado de 10%.
De imediato, a eleição de Brown complica grandemente a tarefa de Obama e dos democratas de conseguir a aprovação de uma lei de reforma do sistema de saúde, arrancada com dificuldades no Senado, em dezembro.
Nesta quarta-feira, Obama pediu aos senadores democratas não tentarem aprovar precipitadamente o projeto e esperar que Brown assuma suas funções, destacando na ABC que "o povo de Massachusetts se manifestou".
"É preciso parar para respirar profundamente, e não nos precipitarmos", declarou a presidente democrata da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, apelando novamente para a reforma de um sistema que deixa "dezenas de milhões de pessoas sem plano de saúde".
Obama também instou os congressistas a chegar rapidamente a um acordo sobre os elementos essenciais da reforma, sinalizando que ele poderia apoiar um projeto atenuado, em face das dificuldades previstas.
Com France Presse e Reuters
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