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Saúde
Quarta - 20 de Janeiro de 2010 às 09:40
Por: Dráuzio Varella

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Preguiça, comida demais e excesso de peso, pecados da vida urbana, contribuem para aumentar o número de casos de câncer. Esses fatores de risco têm sido estudados isoladamente para avaliar a importância relativa de cada um, mas as conclusões ficam comprometidas porque sedentarismo, obesidade e exageros alimentares andam de mãos dadas.

Acaba de ser publicado um estudo importantíssimo no Journal of Clinical Oncology, a revista mais lida pelos cancerologistas, sobre o impacto da interação dos fatores citados nos índices de cura de mulheres operadas de câncer de mama. Vale a pena prestar descrevê-lo.

As mulheres selecionadas haviam sido submetidas à cirurgia e demais tratamentos complementares no período de 1991 a 2000. Foram acompanhadas 1.490 mulheres operadas a menos de quatro anos, livres de qualquer evidência de recaída da enfermidade. O período médio de seguimento foi de 8,7 anos.

No decorrer do estudo, por meio de consultas médicas e telefonemas periódicos, os autores quantificaram a presença diária de vegetais e frutas na dieta de cada participante. O consumo foi considerado alto, quando acima de cinco porções por dia. Batatas e sucos de baixo valor nutritivo não foram incluídos na contagem.

O nível de atividade física foi classificado em: leve (andar em passo normal, durante 30 minutos, seis vezes por semana), moderado (fazê-lo em passo rápido) e extenuante (correr três vezes por semana).

O cálculo do estado nutricional foi estimado através do índice de massa corpórea, obtido dividindo-se o peso pela altura elevada ao quadrado (IMC = peso: altura x altura).

Durante o período de observação, ocorreram 135 óbitos: 118 por disseminação do câncer de mama, 10 por outros tipos de câncer e 7 por causas diversas.

O IMC influenciou os índices mortalidade por causas gerais.

As muito magras (com IMC menor que 20), apresentaram o dobro de mortalidade daquelas com IMC entre 20 e 29,9. Nas obesas (IMC maior que 30), esse aumento foi de 80%.

De acordo com o consumo de vegetais e frutas (V/F) e os níveis de atividade física (AF), as participantes foram divididas em quatro grupos: 1) V/F baixo e AF baixa; 2) VF baixo e AF alta; 3) VF alto e AF baixa; 4) VF alto e AF alta.

Os índices de mortalidade por câncer de mama nos quatro grupos foram respectivamente: 11,5%, 10,4%, 10,7% e 4,8%. As sedentárias que ingeriram dieta pobre em vegetais apresentaram mais do que o dobro da mortalidade das ativas que fizeram o oposto (11,5% versus 4,8%). A adoção de apenas uma das medidas benéficas, atividade física ou consumo adequado de vegetais, teve impacto bem mais modesto.

Curiosamente, as mulheres classificadas como obesas (IMC>30), mas que praticaram atividade física e consumiram mais do que cinco porções diárias de frutas e vegetais, apresentaram a mesma redução do risco de morte.

Conclusão: a mulher operada de câncer de mama que decide andar em passo moderado pelo menos 30 minutos (ou exercício equivalente), seis vezes por semana, e consumir diariamente no mínimo cinco porções de frutas e vegetais, reduz pela metade a possibilidade de complicações fatais. A mesma vantagem é obtida em caso de estar com peso normal, sobrepeso ou obesidade.

Esse não é o primeiro estudo a sugerir que a combinação de comportamentos saudáveis reduz a mortalidade por câncer e outras doenças.





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