Investimento estrangeiro cai, mas Brasil ainda é líder regional, indica Unctad
Um relatório divulgado pela Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) nesta terça-feira indica que o Brasil manteve no ano passado a liderança na relação de países latino-americanos que mais receberam investimentos diretos estrangeiros.
Apesar disso, o montante desse tipo de investimento, destinado especificamente a atividades produtivas, teve queda de 49,5% no Brasil em comparação com o ano anterior, ficando em US$ 22,8 bilhões em 2009.
A diminuição foi atribuída pela Unctad à crise econômica global e também afetou outros países.
Os investimentos diretos estrangeiros no México, segundo maior destino na região, caíram 41% em 2009 e atingiram US$ 13 bilhões.
"Como o impacto da crise financeira global se revelou implacável para os investimentos diretos estrangeiros, os fluxos para as economias em desenvolvimento caíram 35% em 2009, após seis anos de crescimento ininterrupto", diz a Unctad.
‘Todas as economias’
O Brasil registrou ainda um saldo negativo de US$ 1,4 bilhão em relação aos investimentos em fusões e aquisições de empresas em 2009, o que representa uma queda de 118,2% na comparação com o ano anterior.
Em 2008, o Brasil havia totalizado o montante de US$ 7,6 bilhões em fusões e aquisições de empresas.
Segundo o relatório, os investimentos diretos estrangeiros no mundo sofreram retração de 39% no ano passado. "Todas as economias foram afetadas", afirma a Unctad.
O volume global atingiu pouco mais de US$ 1 trilhão, segundo estimativas da organização.
Em 2008, os investimentos diretos estrangeiros no mundo haviam totalizado US$ 1,7 trilhão.
"Todos os componentes que integram os investimentos diretos, como o reinvestimento dos lucros e empréstimos entre companhias e suas filiais, foram afetados pela retração da economia", afirma a Unctad.
A queda foi mais acentuada em relação aos capitais para fusões e aquisições de empresas, que sofreram diminuição de 66% em 2009, "o que reflete a retração dos ativos das empresas nos mercados acionários e a menor capacidade financeira de compradores potenciais de levar adiante tais operações".
‘Retomada modesta’
Os investimentos para projetos de criação de fábricas diminuíram 23% no mundo no ano passado, afirma a Unctad.
A organização ressalta que após uma profunda queda nos investimentos diretos estrangeiros no mundo no primeiro trimestre de 2009 e de uma leve recuperação no segundo, os fluxos de investimentos permaneceram relativamente estáveis no terceiro trimestre do ano, com uma leve diminuição.
"Os indicadores iniciais do quarto trimestre de 2009 indicam que não há sinais de recuperação".
No entanto, a Unctad estima que haverá "uma modesta retomada em 2010, já que as condições de investimentos estão melhorando em diversos países."
"Um número de indicadores macroeconômicos sinalizam que a conjuntura para os investimentos internacionais estão melhorando lentamente", diz o documento.
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