DEM só será oposição ao governo em fevereiro
O presidente do Partido Democratas, Oscar Ribeiro, disse que a legenda só vai entregar os cargos no governo do Estado e se auto-definir como oposição depois do dia 25 de fevereiro, quando começa a ser realizada em Mato Grosso a pesquisa de intenção de votos encomendada em conjunto com o PSDB para definir se o candidato ao governo será o senador democrata Jaime Campos ou o prefeito tucano Wilson Santos.
Mas, até lá, nem mesmo os membros do partido se entendem sobre a polêmica questão. O senador Jaime Campos diz que os cargos não pertencem ao partido, já que foram indicação da bancada do DEM na Assembleia Legislativa. Os deputados, por sua vez, confirmam que a lista de cargos foi referendada pelo diretório regional. Ninguém soube informar ao certo quantos cargos o DEM tem no governo Blairo Maggi, mas um deputado estadual afirma que são cerca de 300.
Ao mesmo tempo que Jaime Campos intensifica os encontros no interior com fortes críticas ao governo Blairo Maggi, o presidente do partido diz que a prioridade no momento não é decidir se o DEM é oposição ou situação, mas fortalecer a pré-candidatura do senador.
Jaime, por sua vez, deixa a decisão para a executiva regional, mas não esconde sua opinião pessoal. "Os cargos são indicação dos deputados estaduais. O DEM não tem cargos no governo. Foi o próprio governador que enviou a lista de cargos para os deputados".
O senador é contestado pelos deputados José Domingos Fraga, Gilmar Fabris e Dilceu Dal Bosco. Todos admitiram ter cotas de indicações políticas para cargos de terceiro e quarto escalões no governo Blairo Maggi (PR), mas o deputado Gilmar Fabris foi o mais enfático. "Serei bem claro. Os cargos foram dados ao DEM, ao presidente Oscar Ribeiro. Eu, como deputado, recebi a lista de 23 cargos para nomear. Quem me entregou a lista foi o meu partido". Fabris calcula que, ao todo, Blairo Maggi ofereceu cerca de 300 cargos para o diretório regional do DEM. Conforme o deputado, ele cedeu alguns desses cargos para indicação de colegas de partido que estavam sem mandato, como o ex-conselheiro do Tribunal de Contas Júlio Campos, que indicou moradores de Várzea Grande.
O deputado José Domingos Fraga não soube informar o número de cargos que foram ocupados no governo do Estado por sua indicação, mas destacou que vai seguir à risca a determinação do partido. "Eu tenho poucos cargos, que usei para atender estudantes pobres do interior que vem a Cuiabá em busca de estudos, e que tem perfil técnico para esses cargos. Você arruma uma vaga no Estado e a pessoa, com o estudo, acaba devolvendo ao Estado a ajuda que recebeu". Para o deputado estadual Dilceu Dal Bosco, o período até 25 de fevereiro será útil para que o partido pense nos rumos que vai adotar na campanha eleitoral deste ano. Ele confirmou ter indicado pessoas para dez cargos no governo Blairo Maggi.
Em dezembro, o secretário da Casa Civil, Eumar Novacki, disse que o governo pode exigir os cargos, caso o DEM acirre o discurso de oposição. "O dia que eles decidirem fazer oposição por oposição, e resolverem simplesmente virar as costas e não reconhecer tudo que foi feito, isso tem que ficar claro, que ajudaram a construir, aí sim, a conversa muda", avisou.
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