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Saúde
Terça - 19 de Janeiro de 2010 às 14:37
Por: Iara Biderman

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Contrair, esticar, carregar. A atividade física vai, necessariamente, forçar os músculos e causar algum tipo de dor, já que, para ter efeito, o trabalho físico provoca microlesões nos músculos. Se o exercício é realizado da forma adequada, esse processo é considerado benéfico e desejável: a cicatrização das fibras provoca adaptações do tecido, que vai aos poucos ganhando mais força e volume.

Porém, se o músculo é submetido a carga ou estiramento maiores do que pode suportar, o tamanho e a quantidade de lesões geram um processo inflamatório mais agudo, causando dor local e, dependendo do grau da lesão, inchaço, hematoma e prejuízo ou perda da função normal do músculo.

A lesão muscular mais comum entre os praticantes de atividades físicas, profissionais ou amadores, é o estiramento muscular. Popularmente chamado de distensão, é a lesão das fibras musculares, que ocorre quando elas são alongadas além de seus limites normais.

Segundo Alceu Nascimento Miranda Jr., professor de fisioterapia da Universidade Anhembi Morumbi, há três graus de estiramento muscular. No grau 1, a lesão atinge menos do que 5% das fibras musculares. A sensação dolorosa pode durar alguns dias, mas a perda da função muscular é mínima. A recuperação é rápida, normalmente não exigindo mais do que repouso e compressas de gelo.

Para Vera Aparecida Madruga Forti, professora do Laboratório de Fisiologia do Exercício da Faculdade de Educação Física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), esse grau corresponde ao sistema de alerta do organismo. "Ele avisa que a pessoa ultrapassou os seus limites e que, se não parar, pode chegar a um grau [de lesão] de difícil recuperação ou que não tem volta."

O grau 2 ocorre quando entre 5% e 50% das fibras sofrem lesões. O processo inflamatório cria inchaço no local. A pressão do edema e das fibras rompidas sobre os vasos e nervos causa dor e hematomas. Há prejuízo da função muscular, dificultando movimentos que envolvem o músculo atingido.

No estiramento mais grave, de grau 3, a lesão atinge mais de 50% das fibras, causando ruptura completa ou de grande parte do tecido muscular atingido. Além da dor, o inchaço local é maior. "A hemorragia nos vasos locais pode causar hematomas visíveis e o músculo perde a sua funcionalidade --a capacidade de se contrair e se alongar para mover as articulações", diz Miranda Jr.

Uma precaução importante para evitar distensões, segundo Valéria Bondanha, do Laboratório de Fisiologia da Unicamp, é sempre fazer um aquecimento antes de se exercitar. "O que não considero interessante é fazer um alongamento muito intenso após um trabalho de força, como a musculação.

O ideal é fazer um alongamento suave, mais para relaxar os músculos do que para forçar a sua extensão", diz Bondanha.

Embora o alongamento seja uma boa maneira de aumentar a elasticidade muscular e a flexibilidade articular, Bondanha acredita que ele deva ser feito isolado da sessão de musculação -em dias alternados, por exemplo.

"A maior dificuldade para evitar a lesão é que o limite entre o esforço muscular benéfico, que estimula o fortalecimento ou o alongamento do músculo, e o que causa problemas é muito tênue. Por isso é fundamental que a atividade física seja introduzida de forma gradativa e bem orientada", diz Gil Lúcio Almeida, presidente do Crefito (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), regional São Paulo.

"Fisgada"

O segundo problema muscular mais comum, depois da distensão, é a contratura muscular. Não se trata propriamente de uma lesão, já que não há rompimento das fibras, mas uma disfunção do músculo. "Na contração, as fibras se entrelaçam e, depois, voltam à forma normal. Quando um grupo de fibras se contrai de forma descontrolada, elas não voltam ao seu comprimento normal", afirma Miranda Jr.

Quando isso acontece, normalmente a pessoa sente uma "fisgada" no local, e o músculo atingido fica endurecido. "A tensão [muscular] intensa gera a diminuição do fluxo sanguíneo para os músculos. Isso faz com que substâncias produzidas pelo corpo durante o esforço físico, como o ácido lático, por exemplo, não sejam removidas normalmente e se acumulem nos músculos, estimulando terminações nervosas responsáveis pela sensação de dor", diz a fisioterapeuta Claudia Maria Peres, da Unicamp.

A contratura pode ser causada por falta de alongamento muscular, por um esforço excessivo durante a realização de determinado movimento ou por fadiga muscular. Esta faz com que o músculo não consiga gerar energia para realizar as suas funções de contração e descontração das fibras.

A melhor maneira de evitar o problema, segundo Almeida, é trabalhar os músculos para que eles possam gerar força em condições fisiológicas ótimas: "Isto é, exercitando tanto a capacidade de contração quanto a de alongamento, para que essas duas forças opostas trabalhem em simetria", diz ele.

Os cuidados são os mesmos que devem ser tomados para evitar as distensões: prestar atenção aos limites do corpo e alternar exercícios de força com sessões de alongamento.

"Também é importante alternar exercícios estáticos, como os que mantêm a contração ou a extensão de um grupo muscular por um período de tempo, com exercícios dinâmicos, quando o alongamento ou a força são realizados com o corpo em movimento", acrescenta Miranda Jr.

O QUE FAZER

Na contratura
- Suspender imediatamente a atividade
- Repousar o músculo afetado
- Aplicar calor no local
- Procurar um médico do esporte ou fisioterapeuta
- Fazer alongamentos suaves com orientação de especialista
- Recomeçar gradativamente e com orientação de especialista os exercícios aeróbicos, para aumentar a oxigenação do músculo

Na distensão
- Suspender imediatamente a atividade
- Repousar o músculo afetado
- Aplicar gelo no local
- Não massagear nem aplicar calor
- Procurar um médico do esporte ou fisioterapeuta
- Nos graus mais graves, consultar o médico sobre o tipo de tratamento (medicamentoso,
cirúrgico etc.) indicado

Fontes: GIL LÚCIO ALMEIDA, presidente do Crefito (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), regional São Paulo; VERA APARECIDA MADRUGA FORTI, professora do Laboratório de Fisiologia do Exercício da Faculdade de Educação Física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)






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