Já na faixa de renda maior, acima de R$ 2.550, apenas 1% das meninas teve filho, diz pesquisa do Ipea
Quase 20% das adolescentes brasileiras de baixa renda são mães
Apesar de a taxa de fertilidade entre as adolescentes brasileiras estar em queda, o número de mães com idade entre 15 e 19 anos ainda é alto nas populações mais pobres. De acordo com a publicação Juventude e Políticas Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), lançada nesta terça-feira (19), 44,2% das meninas entre 15 e 19 anos com filho pertencem à faixa de renda per capita de menos de meio salário mínimo (R$ 255).
De acordo com o estudo, entre as adolescentes da mais baixa faixa salarial, 18% são mães. Já entre adolescentes da faixa de renda acima de cinco salários mínimos (R$ 2.550), apenas 1% teve filho.
Os motivos da diferença dos números entre as classes sociais, apontados pelo Ipea, são o acesso à informação, aos serviços de saúde, aos métodos contraceptivos e até mesmo ao aborto. Além disso, o estudo aponta que, de acordo com pesquisas, ser mãe na adolescência é uma opção de projeto social para jovens de classes mais baixas.
“A adolescente busca construir sua identidade e sentir-se mais adulta, mais mulher, mais autônoma e com mais poder tendo o seu próprio filho”, diz o estudo.
No caso dos meninos, a paternidade está relacionada a assumir responsabilidades, sofrer mais pressão para trabalhar e ser o provedor da nova família, mesmo que seja com a ajuda da família de origem.
Gravidez na adolescência em queda
A taxa de fertilidade entre todas as classes sociais está em queda no Brasil em relação à década de 90. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 1996 e 2007, houve redução na proporção de adolescentes com filho, de 12,6% em 1996 para 10,7% em 2007.
O declínio dos números está, segundo o Ipea, associado às políticas públicas de saúde, pela realização de campanhas nacionais de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs e AIDS) e estratégias da política de saúde reprodutiva para os adolescentes, realizadas em escolas e na mídia.
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