Litro do etanol acumula alta de mais de 70%
O etanol hidratado foi o combustível que registrou a maior alta nos últimos seis meses. No período de julho do ano passado a janeiro deste ano - os preços saltaram 73,78%, avançando de R$ 1,03 para R$ 1,79.
Apesar da escalada das cotações, o litro teve o preço recuado em vários postos de Cuiabá e Várzea Grande, passando de R$ 1,79 para até R$ 1,64. A regressão dos preços num intervalo de poucos dias, confere ao consumidor um economia de R$ 0,15 por litros, ou de até R$ 7,5 a cada 50 litros abastecidos.
Como o Diário mostrou na reportagem do último domingo, mesmo de forma indigesta, há fôlego para o preço do etanol subir, sem perder a sua vantagem sobre a gasolina. E esse fôlego mostra que até a R$ 1,93 o etanol permanece atrativo para carros com motor flex fuel, o bicombustível.
A vantagem de um combustível frente ao outro é calculada considerando que o poder calorífico do motor a álcool é de 70% do poder nos motores à gasolina. Nesta relação, o preço médio do etanol na bomba, em Mato Grosso, pode chegar R$ 1,93 que ainda assim, assegurará competitividade. A conta considera o atual valor médio da gasolina no Estado, que como mostra a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), terminou a semana em R$ 2,77.
POSTOS - Proprietários de postos não souberam explicar ontem a alta recente sobre os preços do hidratado, que na metade da semana passada avançou R$ 0,20, de R$ 1,59 para R$ 1,79. “Os novos preços das distribuidoras vieram na planilha e estamos apenas repassando o aumento na mesma proporção para o consumidor”, disse o gerente de um posto na Avenida Miguel Sutil. Ele disse que a expectativa era de que os preços ficassem estabilizados até o início da safra de cana-de-açúcar, prevista para meados de março. “Fomos surpreendidos com o aumento, mesmo porque os preços já estavam no pico”, afirmou o gerente.
Outro gerente diz que as usinas podem estar com pouco estoque, daí a explicação para o aumento. “Com o início da moagem de cana (abril), vamos ter mais produto e, com certeza, os preços podem começar a entrar em queda”.
De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Mato Grosso (Sindipetróleo), os postos apenas repassam os preços e qualquer movimento de alta ou baixa dependerá das usinas. O mercado não acredita que a redução do percentual de mistura de anidro à gasolina – 25% para 20% - a partir de fevereiro, possa alterar os preços dos combustíveis.
CONSUMIDOR - A abrupta alta, não esperada para um período de três dias, surpreendeu os motoristas. “Para mim, o que está acontecendo é um negócio desproposital. Cheguei a abastecer meu carro (50 litros) na semana passada com R$ 79,50 e já desembolsei R$ 89,50. Acho que alguém tem de tomar uma providência para barrar esses aumentos”, reclamou o professor José Carlos Gomes, morador do bairro São Gonçalo.
Para Leôncio Dias, do Morada do Ouro, o etanol “já está dando prejuízo” em relação à gasolina. “Fiz as contas e cheguei à conclusão de que o custo o combustível está passando o da gasolina”, diz, lembrando que seu carro – um Omega completo – consome em média oito litros de gasolina por quilômetro (R$ 2,69/litro). Para percorrer a mesma distância, ele chega a desembolsar R$ 2,89 com etanol, já que o carro percorre apenas cinco quilômetros com um litro de etanol, também com ar-condicionado ligado. Em um trajeto de 200 quilômetros, a economia da gasolina em relação ao etanol chega a R$ 12,46, com o custo ficando em R$ 67,25, contra R$ 79,71 do etanol.
Com Marianna Peres
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