Escolha, segundo cientista político, depende do que os partidos da aliança tem a oferecer
Candidatos em 2010 trocam vice por tempo na TV
Os potenciais candidatos à sucessão do presidente Lula têm a tarefa pré-campanha de definir o nome do vice que os acompanhará na corrida eleitoral. A escolha depende de uma série de interesses, mas o objetivo principal de todos os partidos é ampliar o tempo de TV. O “prêmio” para o PT ao compor aliança com o PMDB, por exemplo, é aumentar o tempo de propaganda eleitoral da ministra Dilma Rousseff, a candidata do presidente, diz o cientista político da UnB David Fleischer. O partido é o maior do país, com mais prefeitos e parlamentares e, por isso, pode dobrar os minutos de Dilma na TV. O PMDB ainda comanda as presidências da Câmara e do Senado, além de seis ministérios.
O cientista político Marco Antonio Teixeira da Fundação Getúlio Vargas disse que, do ponto de vista eleitoral, “esses nomes [dos vices] não têm peso nenhum” e que, se tivesse peso muito significativo, “seriam candidato a presidente e não a vice”. O que importa, segundo ele, é o que o partido do vice traz e o que ele agrega ao cabeça de chapa.
- Aí está muito mais o que a legenda representa do que os nomes. Não é nome morto, é importante, mas é apenas uma parte desse processo. O que era o Alencar na chapa do Lula? Não era nada, o que Lula queria naquele momento era trazer o PL [que virou PR depois].
Exemplos recentes de vices que assumiram o comando do governo mostram que o tempo na TV não pode ser o único critério para compor alianças: José Sarney (PMDB-AP), vice de Tancredo Neves, virou presidente com a morte do político mineiro; Itamar Franco (PPS), vice de Fernando Collor de Mello, governou o país após o impeachment do alagoano; Geraldo Alckmin (PSDB), tornou-se governador de São Paulo depois da morte do tucano Mário Covas; e Gilberto Kassab (DEM) assumiu a prefeitura de São Paulo no lugar de José Serra (PSDB), que deixou o cargo para disputar o governo do Estado e venceu a eleição.
Do lado petista, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deve compor uma parceria com o PMDB e as apostas estão no presidente da Câmara, Michel Temer (SP), no presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (GO) e no ministro das Comunicações, Hélio Costa. Já no quintal de Serra o principal cotado é o também tucano e governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e no terreno de Marina Silva, do PV, o nome forte é o do empresário Guilherme Leal, da Natura.
O presidente do PV, José Luiz Penna, admitiu ao R7 semelhanças na escolha do nome de Leal com o de Alencar já que ambos representam um setor da sociedade onde Lula e Marina não têm intimidade, mas diz que o nome “vai além” e que esse “paralelo não explica tudo”. A trajetória de vida de Marina é comparada por alguns analistas com a do presidente, que tranqüilizou parte do eleitorado quando definiu o empresário Alencar como seu vice em 2002.
- Existem outras qualidades no Guilherme que nos interessam, ele é mais que um simples empresário, é um empresário comprometido com outro projeto e vai além. Marina é outro tipo de comprometimento e nós temos uma visão crítica desse desenvolvimentismo que está aí.
O PSDB insiste na dobradinha Aécio-Serra desde que o mineiro desistiu da vaga pela disputa presidencial, mas o mineiro não deve ceder segundo o secretário-geral do partido, deputado Rodrigo de Castro (MG). Se não topar ser vice, o DEM, principal aliado dos tucanos, vai reivindicar o posto.
Sobre a possibilidade de Marina Silva ser vice de Serra, o senador disse que “a partir do momento que admitimos que ela é candidata a vice estou desrespeitando Marina”. Agripino também foi cotado para ser vice de Serra, mas descarta a ideia e disse que quer a reeleição no Senado.
No final do ano passado, Lula causou polêmica ao sugerir que o PMDB apresentasse uma lista com três nomes para que Dilma escolhesse o seu vice, mas a preferência do partido é por Temer. Reportagem da Agência Estado da última segunda-feira mostra que, se dependesse de Lula, a opção seria pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mas ele se filiou ao PMDB apenas no fim do ano passado e os dirigentes da legenda querem indicar alguém que os represente mais diretamente, como o presidente da Câmara, deputado Michel Temer.
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