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Agronegócios
Segunda - 18 de Janeiro de 2010 às 03:06
Por: Vívian Lessa

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Chico Ferreira
Áreas antes degradadas estão sendo reflorestadas para assegurar uma boa produção de soja em Lucas do Rio Verde
Áreas antes degradadas estão sendo reflorestadas para assegurar uma boa produção de soja em Lucas do Rio Verde

O produtor de Mato Grosso poderá desembolsar até 10% a mais para custear o processo de produção da safra de soja 2009/2010. Isso porque, com o excesso de chuvas, pontuando como clima favorável para a proliferação de focos da ferrugem asiática, o sojicultor estadual será obrigado a fazer novas aplicações de fungicidas nas lavouras. Segundo o gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Luiz Nery Ribas, se a doença se alastrar até o fim da colheita, serão necessárias até o máximo de 3 aplicações do defensivo agrícola. Dessa forma, o custo pode aumentar de R$ 1,5 mil (média) para até R$ 1,640 mil por hectare

"Considerando que o preço base para duas aplicações de fungicidas seja de R$ 140 (ha), no final da colheita, o produtor pode ter que pagar 50% a mais em um adicional do defensivo", explica Ribas que acrescenta ainda não poder estimar o total de perdas na produtividade da oleaginosa para esta safra provocada pela ferrugem asiática. De acordo com ele, chega a 129 o número de focos registrados nas lavouras mato-grossenses na safra 09/10, um aumento de 892% ante aos resultados levantados no mesmo período do ano passado, quando somaram apenas 13 casos.

"Temos que considerar também que o número de amostras aumentou de 1,521 mil

para 2,311 mil de um ano para outro". Com a atenção redobrada na plantação, o produtor de Lucas do Rio Verde, Silvésio de Oliveira, se preocupa quanto à perda estimada de US$ 18/ha se tiver que fazer uma nova aplicação de defensivo. No entanto, ele defende que uso do fungicida reduz as perdas no campo. "Com a doença o prejuízo seria maior".

Já no que se refere à colheita, em Mato Grosso, cerca de 2,5% de um total de 6,07 milhões de hectares cultivados com soja já foram colhidos. O desempenho, embora seja superior a da safra passada, que nesse mesmo período chega a 1,2%, só não é melhor porque as constantes chuvas no interior do Estado dificultam o trabalho das máquinas no campo. Em Lucas do Rio Verde, 8% da área já foram colhidos, isso porque a região foi a primeira a plantar a soja no Estado.

A analista de grãos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Maria Amélia Tirloni, explica que, por enquanto, a chuva não atrasou o plantio. Porém, ela pontua que, a situação depende do desempenho da colheita durante esta semana. "Se voltar a chover terá atraso na colheita". Afonso Tunelero é um dos produtores mato-grossense que não está preocupado com a chuva. Adiantado no plantio, ele já está com praticamente toda a sua plantação colhida.

Preocupação - Independentemente da chuva e do aumento no custo da produção da safra de soja, o produtor de Mato Grosso vem amargando o incremento no preço do frente para o

transporte de seus produtos, que chegou a 12% nas últimas semanas. Segundo o Imea, até o dia 4 de janeiro, por exemplo, o frete do município de Sorriso até o porto de Santos, em São Paulo, já havia subido 4,5% chegando a R$ 198,24, ante a R$ 190,40 registrada no mesmo período do ano passado.

O superintendente do Imea, Seneri Paludo, alerta que o preço pode chegar aos R$ 240 no decorrer deste ano, valor que é 4% superior ao máximo, de R$ 230, registrados no ano anterior. Conforme ele, o aumento dos custos é reflexo do excesso da demanda. "No ano passado, o Sul do país teve queda na produção e os caminhoneiros que faziam o transporte naquela região foram para Mato Grosso, elevando a oferta, com isso mantendo o preço do frete estável", explica Paludo pontuando que essa situação será a inversa deste ano. "Com a safra no Sul do Brasil estabilizada, a oferta de veículos para transporte da produção em Mato Grosso é menor. O que será responsável por elevar o preço do frete".

Outro indicador para o aumento no custo do transporte de grãos, é alta no preço do óleo diesel, que no primeiro mês do ano, custa R$ 2,31 o litro, alta de 7,4% ante ao valor cobrado no ano passado, de R$ 2,15, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP). Conforme o Imea, o custo do óleo diesel representa até 10% do custo operacional da soja. São gastos, em média, 55 litros do combustível por hectare no caso da soja.

O produtor Silvésio de Oliveira afirma que já sentiu no bolso o aumento no custo do transporte. Ele diz que a inviabilidade das rodovias mato-grossenses também é responsável pela alta no valor do frete. Nesse caso, o coordenador da Comissão de Logística da Aprosoja, Marcos da Rosa, diz que as ações para a recuperação das rodovias BR-163 e MT-158, principais vias para o escoamento da produção agropecuária, já estão sendo efetuadas.

Em palestra realizada na última sexta-feira (15) aos produtores de Lucas do Rio Verde e região, durante o Show Safra edição 2010, ele disse que o processo licitatório para aspectos ambientais que travam as obras da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém, no Pará, já está em fase adiantada. Ele acredita que até o fim de 2010, 70% da rodovia já esteja pavimentada, sendo concluída no próximo ano. Além disso, o coordenado de logística da Aprosoja, afirma que no caso da BR-158 está sendo realizada uma nova licitação para que as obras da rodovia não passem por dentro de uma área indígena.

Regularização ambiental - Há dois meses em vigor, apenas 18 produtores aderiram ao Programa Mato-Grossense de Regularização Ambiental (MT Legal) do governo de Mato Grosso. Deste total, 16 agricultores são do município de Lucas do Rio Verde, segundo a secretária de Agricultura do município, Luciane Copetti. Ela conta que o cadastramento está ocorrendo gradativamente. O objetivo do MT Legal é promover a regularização fundiária e resolver a questão dos passivos ambientais no Estado. A secretária acrescenta que de todos os produtores do município, 90% já esta recuperando as áreas degradadas.

O produtor Clóvis Cortezia foi o primeiro do Estado a receber o certificado comprovando o cadastramento no programa. De acordo com ele, que já está há 26 anos na região, a adesão ao sistema é um dever dos produtores que, motivados por uma política de incentivo governamental, se instalaram em Mato Grosso de forma agressiva. "A determinação era desmatar toda a mata que estivesse ao longo dos rios. Falavam que era para combater doenças e afastar animais selvagens. Agora temos a obrigação de corrigir esse erro", diz o agricultor que já gastou cerca de R$ 6 mil por hectare para manter intacto 18 hectares, de uma área total de 5, 2 mil (ha). Cortezia também adquiriu uma propriedade na região do Xingu para mantê-la como Reserva Legal.





Fonte: A Gazeta

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