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Nacional
Sábado - 16 de Janeiro de 2010 às 20:28

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Papéis encontrados pela Polícia Federal na casa e gabinete de Domingos Lamoglia, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Distrito Federal, reforçaram denúncias do ex-secretário das Relações Institucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa, e complicaram a situação do governador José Roberto Arruda (sem partido).

Até outubro passado, Lamoglia era um dos mais próximos assessores de Arruda, com o cargo de chefe de gabinete e o privilégio de ter acesso ao escritório da residência oficial do governador. Durante a operação de busca e apreensão, feita pela PF em 27 de novembro, foram apreendidos um livro-caixa, agendas e papéis com nomes e iniciais de políticos relacionados a números. Para a PF, esses números se referem a valores da suposta propina, informa a revista "Época" desta semana.

Em uma agenda de 2009, na data de 24 de agosto, os registros de possíveis pagamentos foram separados em dois grupos: pessoal e política. Entre os pessoais, aparece a anotação "Severo=450". Para a PF, esta é uma referência a Severo de Araújo Dias, dono do haras Sparta. A polícia acredita que ele é um laranja de Arruda, verdadeiro proprietário do haras. Em um depoimento, em dezembro, Durval Barbosa afirmou que o haras foi comprado pelo governador como um presente para sua mulher, Flávia Arruda.

Já, no grupo política, estão registros como "Pesquisas=100", "Evangélicos=80" e "Fraterna=100". Segundo a PF, "Fraterna" seria o Instituto Fraterna, ONG presidida pela mulher de Arruda. Também foi encontrada uma agenda com registros de pagamentos. Para a polícia, um deles, de 22 de janeiro de 2007, refere-se ao governador: "R$ 17.700 Arruda".

Outro lado

Neste sábado, a assessoria do governador divulgou nota afirmando que Arruda reafirma que desconhece a existência desse material recolhido nas casas dos ex-assessores. A assessoria ainda informa que, quando soube da reportagem da revista, entrou com um comunicado no STJ (Superior Tribunal de Justiça) informando que a revista teve acesso a documentos sob sigilo de justiça.

"Considerando que as informações são sigilosas, a quebra do sigilo constitui-se em crime, no qual a revista esta colaborando. É lamentável que órgãos de imprensa colaborem com o descumprimento da lei, permitindo a consumação de uma prática criminosa", afirma a assessoria. Segundo a nota, na segunda-feira, os advogados irão estudar medidas legais para apurar o vazamento.

Dinheiro numerado

Em 19 de dezembro, a Folha revelou que relatório da PF indica que o dinheiro apreendido durante a operação na sala de trabalho do então chefe de gabinete, Fábio Simão, veio de empresas que pagavam propina no esquema de propina. A PF, em relatório entregue ao STJ, diz que apreendeu dinheiro com a mesma série tanto na sala de Simão como nas empresas Vertax e Adler, que pagaram propina ao suposto esquema Arruda, segundo Durval Barbosa.

Em outubro, Barbosa entregou à PF cerca de R$ 400 mil recebidos das empresas Adler, Vertax e Infoeducacional e Linket. A PF anotou os números de série e marcou com tinta invisível parte das notas. Depois devolveu a Barbosa que distribuiria a pessoas indicadas pelo governador.

Quando a Caixa de Pandora foi deflagrada, um mês depois, a polícia apreendeu uma quantia maior, cerca de R$ 700 mil --parte dessa quantia foi encontrada na sala de Simão.

Além do dinheiro encontrado na sala do chefe de gabinete de Arruda, outra parte também foi apreendida na casa de Lamoglia. "Temos fortes indícios que o dinheiro marcado é o mesmo que foi encontrado na casa", diz relatório da polícia. Lamoglia e Simão negam envolvimento no esquema.






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