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Internacional
Sábado - 16 de Janeiro de 2010 às 20:11

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O brasileiro Luiz Carlos da Costa, chefe-adjunto civil da missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti, foi encontrado morto neste sábado entre os escombros da sede da organização, na capital Porto Príncipe. O corpo do chefe dele na Minustah, o tunisiano Hedi Annabi, também foi encontrado.

Em pronunciamento, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que o brasileiro era uma "lenda em operações de paz da ONU". Costa era o funcionário brasileiro de mais alto cargo na ONU. Ele era casado e deixa duas filhas.

Ban disse ainda que Annabi era um "verdadeiro cidadão do mundo" e um "ícone dos esforços de paz da ONU". O corpo de um terceiro importante funcionário da Minustah, o chefe de polícia, Doug Coates, também foi encontrado hoje. Integrante da Polícia Montada Real do Canadá, Coates era um "membro da comunidade de policiamento internacional", disse Ban.

Ontem (15), quando chegou ao Brasil depois de visita a Porto Príncipe, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, já havia confirmado a morte do brasileiro, mesmo sem a localização do corpo. "Ele está naquele hotel em que funcionava a Minustah. Estão todos soterrados", declarou. De acordo com as informações do ministro, com Costa, são 17 os brasileiros mortos no Haiti, sendo 14 militares integrantes da Minustah, a médica sanitarista e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, e um terceiro civil.

O que começou como um trabalho temporário, na Assembleia Geral da ONU de 1969, rendeu a Costa uma carreira que já durava 40 anos. O seu profundo conhecimento das engrenagens do organismo internacional e o sucesso na carreira o levavam a uma comparação com Sérgio Vieira de Mello, que também começou na ONU com a mesma idade --21 anos-- e morreu no Iraque, em 2003, num ataque terrorista.

Costa trabalhou durante dez anos no departamento de conferências e durante mais dez no de recursos humanos da ONU. Em 1992, se transferiu para o recém-fundado Departamento de Missões de Paz, onde serviu no Kosovo, na Libéria e, desde 2006, no Haiti. "É uma carreira fascinante", disse, em entrevista concedida à Folha, em 2009.

Com perfil de diplomata habilidoso, preparado e com credibilidade, Costa chegou ao Haiti tendo como uma tarefa resolver divergências entre o então chefe da missão, o guatemalteco Edmont Mulet, e o comandante militar, o general brasileiro José Elito. A ONU pressionava por uma ação mais forte da área militar, e Costa serviu como ponto de equilíbrio, na opinião de um comandante militar que atuou no Haiti.

Costa sabia que, após os furacões que devastaram o Haiti em 2008, uma nova catástrofe aconteceria. Acreditava, porém, que isso só aconteceria dentro de quatro ou cinco anos e estava esperançoso em relação ao aumento de investimentos internacionais no país.

Tragédia

O terremoto aconteceu às 16h53 desta terça-feira (19h53 no horário de Brasília) e teve epicentro a 15 quilômetros de Porto Príncipe, a capital do país.

Ainda não há um dado preciso sobre o número de mortos. A Organização Pan-americana de Saúde, ligada à ONU, diz que pode ter morrido cerca de 100 mil pessoas. Já o Cruz Vermelha estima o número de mortos entre 45 mil e 50 mil. Nesta sexta-feira, governo do Haiti afirmou estimar em 140 mil o total de vítimas.

Com agências internacionais e Folha de S.Paulo






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