Proposta de fusão dá às ações da cimenteira portuguesa um valor de 6,35 de euros, acima dos 5,75 de euros propostos pela CSN para a compra da empresa
Oferta da Camargo avalia Cimpor em 4,3 bi de euros
A proposta de fusão feita pela Camargo Corrêa à cimenteira portuguesa Cimpor avaliou a companhia por um valor 10,5% acima da oferta feita pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em 18 de dezembro. Segundo fontes próximas às negociações, a Camargo avaliou a Cimpor em 4,267 bilhões, o equivalente a 6,35 por ação.
A proposta da CSN, que envolve uma oferta pública pela empresa, é de 3,86 bilhões, ou 5,75 por ação. Isso indica que a CSN pode ter que, pelo menos, aumentar sua oferta até este valor para conquistar os acionistas da Cimpor. A avaliação da Camargo está ainda 25 milhões abaixo do valor de mercado atual da Cimpor, que é de 4,292 bilhões na Bolsa de Lisboa. Procurada, a Camargo não se pronunciou sobre o assunto.
De acordo com uma fonte, a Camargo negocia a fusão com os grandes acionistas da Cimpor, mas os que mostraram maior disposição para vender a participação foram a francesa Lafarge, que detém 17,3%, e o grupo Teixeira Duarte, que possui uma fatia de 22,9% do capital. Com fatia de 10,7%, Manuel Fino estaria mais propenso a manter sua posição.
Pela proposta apresentada na quarta-feira, antes da fusão a Camargo comprará uma fatia de 15% a 25% da Cimpor, unindo-se ao quadro dos acionistas antigos da empresa. Depois da fusão, a Camargo deterá uma parcela de 37% na nova empresa, enquanto os 63% restantes ficarão com os outros acionistas. Como a Camargo também fará parte também desse grupo de "antigos" acionistas, sua participação final será superior a 37%, mas não poderá ultrapassar 50%. A avaliação da Camargo Corrêa Cimentos na operação foi de 2,4 bilhões, ainda segundo as informações obtidas pela Agência Estado.
Além da Camargo e da CSN, outra empresa brasileira interessada na Cimpor seria a Votorantim, segundo a fonte. A empresa estaria conversando mais ativamente com a Lafarge. O acordo teria como contrapartida a entrega de ativos cimenteiros da Votorantim no Brasil à Lafarge. Procurada pela reportagem, a Votorantim não comentou o assunto. A Holcim, empresa suíça que estava acompanhando os desdobramentos da negociação, informou que não tem intenção de fazer uma oferta pela companhia, mas que ainda está "monitorando a situação".
A oferta feita pela CSN foi rejeitada pelo conselho de administração da Cimpor no último dia 7 por ser considerada baixa. O conselho recomendou que os acionistas rejeitem a proposta, considerada "oportunista, irrelevante e perturbadora da atividade da empresa". Mesmo assim, a CSN informou que conversaria individualmente com os acionistas da empresa para convencê-los do negócio, tarefa que agora parece ter se tornado mais árdua.
Para analistas, é bastante possível que a CSN acabe elevando sua oferta. "O interesse pela Cimpor é grande, mas para ficar na briga ela terá de oferecer mais. Realmente é um ativo muito bom. Acho que a CSN vai adiante, como fez no caso da Corus (siderúrgica britânica). Foi até o nível técnico que poderia ir", diz Pedro Galdi, analista da corretora SLW. Segundo ele, a CSN tem na manga a possibilidade de um empréstimo-ponte do Banco Espírito Santo e não teria dificuldades de substituir e alongar a dívida resultante do negócio mais à frente.
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