Bicampeão, porém, faz questão de ressaltar que não quer virar 2.º piloto
""Nunca pedi para ser o número 1"", garante Alonso

Fernando Alonso fez questão de deixar claro ontem, em Madonna di Campiglio, que não há nenhuma cláusula em seu contrato que lhe garanta tratamento diferenciado na Ferrari. "Nunca pedi na minha carreira para ser o piloto número 1. Não sei de onde vêm essas coisas", disse o bicampeão, para depois lembrar: "Mas também não quero ser o número 2." Alonso ainda afirmou que a escuderia é sua última na Fórmula 1.

Solícito, disponível e brincalhão, o espanhol não lembra em nada o piloto dos tempos de McLaren. Em 2007, logo nas primeiras etapas do campeonato já mantinha a expressão tensa por se sentir preterido por Lewis Hamilton, seu companheiro. "O que mais me impressionou na Ferrari foi o ambiente, a paixão com que as pessoas trabalham, a maneira como fui recebido. Lá eu trocava e-mails com quem estava a 10 metros de mim, enquanto aqui o que fazemos é conversar."

Alonso surpreendeu ao dizer que pode não chegar em sua melhor forma para o início da temporada, por causa da limitação de testes das escuderias: são 15 dias com apenas um carro. "Vou treinar sete dias até a abertura do campeonato. Não consigo imaginar um tenista treinando sete dias para Roland Garros ou uma seleção fazendo isso antes da Copa do Mundo", afirmou o espanhol. "Nas primeiras duas ou três corridas não vou estar 100% adaptado ao carro, à equipe. Depois, veremos um Alonso melhor."

O bicampeão disse estar em contato direto com seu engenheiro, o italiano Andrea Stella, o mesmo de Kimi Raikkonen. "O objetivo é fazer o carro ficar de acordo com as minhas propostas no primeiro teste, dia 1º de fevereiro (em Valência)." O espanhol de 28 anos comentou estar consciente do que esperam dele. "Há muita expectativa. Minha própria, da Ferrari, dos torcedores, da Espanha." Ser piloto da escuderia, contou, era um dos seus objetivos profissionais. Agora, a meta é conquistar mais mundiais.

Chegar a sete títulos, como fez Michael Schumacher, será muito difícil para qualquer piloto. "As regras da Fórmula 1 hoje são mais restritivas, os carros andam mais juntos." Alonso acredita que a volta do alemão, agora pela Mercedes, será positiva para o campeonato. "Não deve ter sido fácil para ele ficar em casa. Se decidiu regressar é porque se sente em condições."

Alonso, que não demonstrou muita técnica nas pistas de esqui, provocou risadas ao responder se gosta ou não do esporte. "Aprendi há três anos, na Suíça, e sem professor, o que foi um erro. Não sou bom esquiador, mas sou rápido." Hoje, ocorrerá a tradicional prova de kart sobre o lago congelado da estação de Madonna di Campiglio. Apesar do clima amistoso, será o primeiro confronto entre Alonso e Massa na Ferrari.