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Agronegócios
Quinta - 14 de Janeiro de 2010 às 16:47
Por: Rosana Vargas

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Cuiabá (MT), 14 de janeiro de 2010 – A Associação dos Criadores de Mato Grosso – Acrimat – analisa que dois pontos foram cruciais nos resultados do setor da pecuária de corte em 2009. “As exportações no inicio de 2009 refletiram a crise iniciada em 2008, só retomando aos patamares positivos a partir de abril, e o fechamento de 11 plantas frigorificas no primeiro mês de 2009, desencadearam uma série de consequências, como a baixa nos preços da arroba”, analisou o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.

Levantamento solicitado pela Acrimat ao Imea - Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária demonstra que Mato Grosso exportou no ano passado 185,6 mil toneladas kg/eq. carcaça, uma queda de 18,5% em relação ao mesmo período de 2008, que registrou 270,7 mil toneladas kg/eq. carcaça. “Mesmo assim podemos dizer que foi um ano de recuperação, pois conseguimos retomar as exportações no decorrer do ano e chegar aos patamares de 2008”, disse Vacari.  Em janeiro foram embarcados apenas 7,8 mil toneladas de kg/eq. carcaça, registrando o menor volume desde fevereiro de 2005, mas esse volume exportado chegou em 18 mil toneladas de kg/eq. carcaça no mês abril.

A situação dos frigoríficos foi e continua crítica. O ano de 2009 iniciou com 11 plantas fechadas com pedido de recuperação judicial dos 39 frigoríficos (SIF) registrados no Estado, chegando ao ápice da crise com 19 unidades fechadas no mês de julho. O ano terminou com 14 frigoríficos parados, comprometendo em média 37% da capacidade de abate de Mato Grosso, devido a crise das indústrias. “Essa situação se agrava quando analisamos esses números por região. A região Norte, com 5 milhões de cabeças, por exemplo, a capacidade de abate atingiu 60%, a região Nordeste, com 4,8 milhões de cabeças, foi afetada em 59%, e a região Noroeste em 55%, com 5 milhões de cabeças”, avaliou o superintendente da Acrimat.

A concentração de poder de abate de alguns frigoríficos foi outro ponto observado no balanço de 2009. Os 39 frigoríficos (SIF) instalados em Mato Grosso têm capacidade de abate de 37.376 mil cabeças por dias. Dessas, o grupo JBS/Bertin é responsável por 32,4%, somando 12.266 cabeças/dia. Esse percentual aumenta quando avaliamos o ranking por região. Na região de Arinos o JBS/Bertin detém 66,27% da capacidade total de abate, na região Centro Sul 44,86% e na região Sudeste 44%. “A concentração não é saudável, principalmente pela possibilidade de manipulação de preços, porém seria pior ainda se esses frigoríficos estivessem fechados. O que devemos fazer é ficar atentos às manipulações de preços para tomarmos providencias”, analisou o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.

O preço da arroba teve queda de 9,14% com relação ao ano de 2008. A média do preço à vista praticado em 2008 foi de R$73,11 e em 2009 de R$ 66,43. “Com a queda de quase 40% na capacidade de abate, muitos frigoríficos se aproveitaram da situação para pagar menos pela arroba”, ressaltou Vacari. O gestor do Imea, Otávio Celidório, analisa ainda que “a retração na demanda por carnes, tanto interna quanto externa, iniciada no mês de outubro de 2008, persistiu durante o ano passado. O preço, no mês de maio, atingiu sua menor cotação do ano (R$ 62,87/@), resultado principalmente por conta dessa retração da demanda”. O spread entre os preços à vista e a prazo em Mato Grosso chegou a 4,5% fechando o ano em 3,2%.

A variação dos preços da arroba, carne no atacado e carne no varejo, demonstra que o consumidor continua pagando alto quando compra o bife de cada dia nos supermercados e açougues. Pelos dados do Imea, desde meados de 2008 se nota este descolamento da variação do preço do varejo, do atacado e do produtor. Este fato é justificado pela desigualdade no repasse dos ganhos entre os elos da cadeia, onde as duas pontas, os produtores e os consumidores, levam a pior. A variação média do preço do varejo, de janeiro a novembro de 2009, ficou em 84%, do atacado em 46% e do produtor em 39% com relação ao ano‐base (2005).

“Acreditamos que 2010 será um ano positivo para o setor da pecuária de corte, pois as exportações já retomaram os números e antes da crise e estamos produzindo de forma sustentável, com regras mais claras e aplicáveis da rastreabilidade, fator primordial para continuarmos competindo em mercados internacionais mais atraentes, como a Europa. Além disso, estamos produzindo respeitando o meio ambiente”, frisou Vacari. Ele pondera ainda, que será necessário encontrar uma forma que dê segurança ao produtor “na hora de comercializar seu gado, pois a atual formula deixou um rastro de mais de R$ 120 milhões nos frigoríficos que transformaram o boi em carne e não pagou o pecuarista. Por enquanto a saída é vender o boi à vista”.






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