Consumo de gás em MT cai 52% em 2009
O consumo de gás natural, em Mato Grosso, despencou 52,22% em 2009, na comparação com 2008, segundo dados divulgados ontem pela GNV/MT Distribuidora – empresa responsável pela distribuição e transporte do gás no Estado. O consumo caiu de 5,43 milhões de metros cúbicos (m³), em 2008, para 2,60 milhões/m³, no ano passado. Em relação a 2007, ano de melhor desempenho do setor no Estado (consumo de 5,68 milhões/m³), a queda atinge 54,23%. Os valores movimentados no mercado também tiveram comportamento pífio em 2009 (-42,69%) na comparação entre os dois anos, recuando de R$ 8,090 milhões para R$ 4,645 milhões.
Instabilidade no fornecimento, indefinições de cunho regulatório e altos preços foram os principais vilões da retração do consumo de gás natural em Mato Grosso. “Não poderia ser pior. No ano passado tivemos a maior alta para o consumidor, o que desestimulou o mercado do gás no Estado, e em contrapartida sofremos o pior arrocho em termos de preços desde que o GNV chegou à nossa região”, avalia o engenheiro responsável pela GNV/MT, Francisco Jamall.
Os preços do m³ aos usuários de GNV (Gás Natural Veicular) tiveram alta de 11,83% depois que o produto ficou em falta no mercado por mais de 70 dias no final de 2008. Quando o gás voltou a ser ofertado, os preços na bomba saltaram de R$ 1,69 para R$ 1,89. A medida desestimulou o consumo e “expulsou” do mercado os proprietários de carros convertidos a gás. A frota de táxis, por exemplo, caiu em mais de 50% até outubro do ano passado.
“Fui um dos primeiros a implantar os equipamentos e cheguei a ter três carros a gás na praça. Mas depois que o produto começou a faltar e as autoridades não conseguiam resolver o problema com a Bolívia, acabei retirando o kit dos três veículos por questão de segurança mesmo”, conta o taxista Manoel Macedo. (Veja quadro acima)
ALTOS E BAIXOS - Segundo ele, após a assinatura do contrato de fornecimento por dez anos com a Bolívia – feito pelo Estado em setembro do ano passado - e a espetacular redução de 21,17% nos preços ao consumidor mato-grossense (R$ 1,49/m³), “o mercado voltou a ficar atrativo” e tudo indicava que as conversões seriam retomadas. “Pensei em colocar novamente os equipamentos, mas preferi esperar até o final do ano. Não deu outra. O gás voltou a faltar e agora ninguém sabe quando o problema será definitivamente resolvido. A verdade é que o problema voltou à estaca zero e o mercado perdeu incentivo”.
RETORNO - O engenheiro Francisco Jamall, da GNV/MT, que continua aguardando pela chegada do gás para retomar a distribuição no Estado, diz que a empresa acumula prejuízos. “Quando o gás era vendido por R$ 1,89 até outubro do ano passado, tivemos grandes perdas, pois nós é que estávamos bancando os preços. Trabalhamos o ano todo no vermelho e tivemos dificuldades até mesmo para pagar o pessoal (11 funcionários) que trabalha na estação de operação do City Gate, no Distrito Industrial”, conta ele.
Os postos também tiveram perdas com a queda das vendas, como o 14 Bis, em Várzea Grande, que investiu cerca de R$ 700 mil nos equipamentos e ainda está longe de obter o retorno do investimento. “Tivemos de desembolsar dinheiro para pagar as prestações do financiamento e já estamos há mais de 40 dias sem o gás, novamente”, aponta o empresário Marcelino Marques.
BRASIL - A exemplo de Mato Grosso, o consumo de gás natural no Brasil também vem apresentando queda. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), o aumento do consumo de energia elétrica e a retração do consumo automotivo e industrial provocaram redução de 19,52% no consumo de gás no mês de novembro, em relação a igual mês de 2008. No mês, foram consumidos 37,8 milhões de metros cúbicos diários. Na comparação com outubro, o consumo caiu 1,36%. De acordo com a Abegás, a queda foi puxada pelos setores industrial, elétrico e residencial. O uso de gás natural em veículos automotores também continua em queda: 7,64%, na comparação entre novembro de 2008 e novembro de 2009.
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