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Agronegócios
Quarta - 13 de Janeiro de 2010 às 01:18
Por: Leandro Costa

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O calor excessivo na última semana de outubro e nas primeiras semanas de novembro pode causar queda de produtividade nas lavouras de soja do Rio Grande do Sul, norte e oeste do Paraná, norte de São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul. Isso porque a alta das temperaturas causou florescimento precoce das lavouras que foram semeadas no fim de outubro, interrompendo, assim, seu ciclo de crescimento.

Geralmente, as espécies precoces e semi-precoces de soja, muito usadas nessas regiões iniciam a floração entre o 45º e 50º dia após a emergência da semente. "Porém, no caso das lavouras semeadas na semana do dia 29 de outubro, esse florescimento aconteceu 25 dias após a emergência da semente, quando as plantas estavam com apenas 25 centímetros de altura", relata o engenheiro agrônomo Milton Kaster, pesquisador da Embrapa Soja. Segundo ele, o normal é que a planta entre em processo de floração com altura média de 60 centímetros.

Para o especialista, duas são as razões que explicam o fenômeno. A primeira está nas temperaturas registradas nas áreas atingidas. Segundo Kaster, no período em que as lavouras foram semeadas a temperatura estava cerca de 3 graus acima da média histórica dos últimos 20 anos. Em Ivaiporã (PR) por exemplo, o mês de novembro foi marcado pela ocorrência de 18 dias com a temperatura mínima e máxima 10% acima da normal. Os mesmos níveis puderam ser observados em Dourados (MS), entre 16 de outubro e 25 de novembro.

Uma prática não recomendada pela Embrapa, segundo Kaster, mas adotada por alguns produtores é a segunda razão do fenômeno. Trata-se da contenção do crescimento da haste principal das plantas por meio do uso de herbicidas, aplicados após a emergência das sementes. Segundo Kaster, essa prática visa a evitar o crescimento demasiado das plantas, que pode resultar no acamamento da lavoura, ou seja, no tombamento das plantas, e estimular o crescimento de ramos laterais aumentando a quantidade de vagens produzidas por uma única planta.

"A alta da temperatura é a principal culpada pelo florescimento precoce, pois induz a planta a parar de crescer e florescer. Porém, o uso do herbicida agrava a situação, fazendo com que as plantas fiquem ainda menores", explica o pesquisador.

Ele relata ainda que em lavouras onde essa técnica não foi aplicada o crescimento das plantas foi um pouco melhor. Mesmo florescendo antes da hora elas não tiveram seu crescimento tão comprometido, chegando a cerca de 40 centímetros de altura. "Tamanho longe do ideal, mas bem melhor que os 25 centímetros das que foram borrifadas com herbicidas."

RECUPERAÇÃO

O fenômeno que acometeu as lavouras de soja pode se reverter em perdas de produtividade. Contudo, ainda não é possível precisar esse volume. "Mas é claro que plantas menores produzem menos", diz Kaster. Porém, o especialista não recomenda a extinção das plantas existentes e replantio nas áreas atingidas. Para ele, a condição climática está favorável e até a época da colheita, que deverá começar em sete semanas, as plantas devem se recuperar.

Agrônomo da Cooperativa Agroindustrial da Campo Mourão (Coamo), que reúne produtores da região central e norte do Paraná, Marcelo Tanaka diz que desde a época em que o problema foi constatado, em novembro, a perspectiva mudou muito. "De lá para cá as plantas já se recuperaram bem, graças às chuvas abundantes, e projetamos perdas bem menores que as que desenhávamos na época em que se cogitou o replantio das lavouras", diz.






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