Levantamento é da Junta Comercial de Mato Grosso e poderia elevar para 27 mil o número de pessoas empregadas, com carteira assinada
7 mil trabalhadores continuam no mercado informal no Estado
Mato Grosso gerou no ano de 2009 cerca de 20 mil postos de trabalho com carteira assinada (dados até novembro), segundo levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ainda assim, a estimativa é de que existam pelo menos 7 mil trabalhadores atuando no mercado informal, de acordo com apuração da Junta Comercial do Estado de Mato Grosso (Jucemat). Eles representam um contingente de 34,91% dos trabalhadores com carteira assinada em 2009. Mesmo com saldo positivo de novos empregados, o número de demissões deixou marcas no ano passado, o que pode tornar o registro de trabalhadores no mercado informal ainda maior.
Somente em novembro do ano passado foram 4,059 mil postos de trabalho a menos no Estado. Foi o terceiro mês em 2009 em que Mato Grosso apresentou quantidade de desligamentos superior às contratações. Em março foram 1,078 mil vagas a menos e, em abril, 554 postos foram cortados. Dona Luísa Pereira dos Santos, 64, trabalha há 20 anos com salgados, bolos e guloseimas que lhe garantiram o sustento da família e a criação de 3 filhos. "Acho muito bom trabalhar por conta própria, mas chega uma hora que você começa a pesar as coisas, por exemplo, eu já estou de idade e não tenho aposentadoria garantida", afirma dona Luísa que com seu trabalho emprega ainda outras duas pessoas. Estas, ao contrário dela, têm carteira assinada como empregadas domésticas. "Não pude registrar com outro ofício por que não tenho firma aberta".
Trabalhadores como dona Luísa são alvo do Programa Empreendedor Individual que começa a cadastrar, no próximo dia 27, aqueles que desejam se formalizar e ter acesso a crédito oferecido pelas instituições financeiras e outros benefícios do mercado regular. O objetivo do programa é social, segundo o presidente da Junta Comercial de Mato Grosso (Jucemat), Roberto Peron. "Queremos atrair aquela pessoa que já é empreendedora, só que está na informalidade sem qualquer tipo de amparo como a aposentadoria e o seguro desemprego".
No mesmo ramo de atuação de Luísa, Daniela Ferreira da Silva, 24, que faz bombons recheados, não vai parar de trabalhar até o fim da gravidez. A previsão é de que seu terceiro filho chegue esta semana. Há 3 meses ela vem trabalhando por conta própria para conseguir comprar o enxoval do bebê. "Com a venda dos bombons já comprei quase tudo, mas como falta alguma coisa, resolvi continuar porque meu marido está desempregado". Cada unidade é vendida por R$ 1. Daniela acredita que trabalhar como autônoma é muito melhor, mas lamenta o fato de não ter dinheiro para investir no negócio próprio. Depois que o bebê nascer, ela não sabe como será o sustento da família, já que têm outros 2 filhos, de 6 e 4 anos. "Por enquanto estamos morando com minha sogra".
Conforme Peron, a ideia é fazer com que esse pequeno empreendedor possa se associar a outros e crescer. "Uma salgadeira ou um eletricista, por exemplo, podem prestar serviço e emitir nota fiscal para outras empresas".
Comentários